Busca por tratamentos psicológicos na rede municipal dobrou desde 2020
Segundo levantamento, as mulheres como representam 75% dos atendimentos no Rio; entre os diagnósticos estão depressão e transtorno de pânico
Dados levantados pela Secretaria municipal de Saúde (SMS) para a campanha de prevenção ao suicídio deste Setembro Amarelo acenderam um sinal de atenção no mesmo tom: entre 2020 e 2023, mais que dobrou a quantidade de pacientes da saúde mental nas unidades da prefeitura: um salto de 5.828 para 12.340. De janeiro a agosto deste ano, 28% dessas consultas foram para cuidar da ansiedade, com cerca de 2.160 atendimentos. Desse total, a ansiedade generalizada foi diagnosticada em 15% do público, aproximadamente 1.160 pessoas. Também se destacam os tratamentos de doenças como a depressão e o transtorno de pânico.
+ O que os candidatos à prefeitura do Rio à frente nas pesquisas pensam sobre problemas da cidade
Na rede da prefeitura, segundo o levantamento, as mulheres como representam 75% dos atendimentos. E numa análise pelo bairro de residência dos pacientes, prevaleceram de janeiro a agosto deste ano, nesta ordem, os moradores das regiões de Campo Grande, Jacarepaguá, Centro, Penha e Irajá. Superintendente de Saúde Mental da SMS, o psiquiatra Hugo Fagundes disse ao jornal O Globo o município sabe da alta procura pelos tratamentos psicológicos e tem direcionado melhor os pacientes para diminuir as filas: “A oferta está maior, mas passamos a direcionar melhor os atendimentos. Tem pessoas guiadas diretamente para tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) ou crianças que vão à atenção psicomotora ou fonoaudiológica. Os serviços estão qualificados, mas sabemos que ainda há muita demanda”.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
Dados da transparência do sistema de regulação de vagas da saúde pública básica, o Sisreg, mostram que, ontem neste domingo (29), o tempo médio de espera para atendimento na psicologia na cidade do Rio era de 136 dias. Já na psiquiatria, chegava a 175 dias. Fagundes destacou que a sensação de insegurança vivenciada pelos cariocas e os desafios da rotina potencializam os diagnósticos que levam pacientes a essas especialidades. “Sabemos que o estresse diário, a insegurança e o medo, as incertezas em casa e no trabalho esgotam a saúde das pessoas. Nossa missão é aliviar o sofrimento, ajudá-las a “funcionarem” dentro da própria lógica e condição mentais, sem ignorar seus desafios”, acrescentou ele. Segundo especialistas, além do estresse, fatores biológicos também contribuem para o aumento na procura por tratamento.