Relíquias cariocas: Banco Central redescobre fotos antigas usadas em notas
Sem previsão de uma futura exposição, as dezesseis imagens capturadas por Marc Ferrez foram digitalizadas e disponibilizadas on-line
![Foto mostra paisagem antiga do Corcovado e da enseada de Botafogo](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387909629_0b116d0f18_o.jpg?quality=70&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Belas paisagens cariocas, reconhecidas no mundo inteiro, já foram estampadas em diferentes notas de dinheiro que circularam no Brasil no fim do século XIX e início do século XX. As imagens feitas pelo fotógrafo francês Marc Ferrez (1843-1923) foram recentemente descobertas no Museu de Valores do Banco Central, em Brasília.
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Após uma busca no acervo por fotos do autor, a equipe reencontrou dezesseis fotografias capturadas entre 1875 e 1908 e uma litografia feita com base em um registro do fotógrafo e pintor francês Victor Frond. Ainda em um bom estado de conservação, as fotos foram digitalizadas e disponibilizadas on-line.
“As fotos já constavam no registro do museu, mas como nós abrigamos 135 000 peças no acervo, não nos lembrávamos do conteúdo das imagens. Encontrar as fotos foi uma ótima surpresa, porque agora podemos planejar uma futura exposição”, conta a chefe do Museu de Valores, Karla Valente.
![51387387538_1f166ffa52_k Cais Pharoux - Morro do Castelo](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387387538_1f166ffa52_k.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
![51387140826_394b6aef1f_k Foto mostra o Museu Nacional no século dezenove](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387140826_394b6aef1f_k.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Os cliques históricos retratam cartões-postais da cidade, como o Corcovado, o Pão de Açúcar, a Praia de de Botafogo, o Jardim Botânico, o Morro do Castelo, que já não existe mais, o Cais do Porto e as Praça XV e Tiradentes. Uma das fotos também foi tirada em Niterói, com a vista da Pedra de Itapuca.
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![51387387413_dc064944d8_k Foto antiga da atual Praça XV de Novembro](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387387413_dc064944d8_k.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
![51387140966_f07e21f7c2_k Pedra de Itapuca](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387140966_f07e21f7c2_k.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Notas de 2 mil-réis, por exemplo, ganharam a estampa da alameda central do Jardim Botânico, da Rua 1º de Março e da Praça XV. Em outras duas cédulas de 50 mil-réis, estão representados o Canal do Mangue e a Quinta de São Cristóvão, atual Quinta da Boa Vista, com o Museu Nacional.
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Um fato curioso é que um registro do fotógrafo Marc Ferrez feito na Praça XV, em 1880, foi reproduzida em notas de 2 mil-réis tanto nos tempos do Império quanto na República.
![51387968099_d89288041a_o Foto mostra nota antiga de 50-mil-réis com foto do atual Museu Nacional](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387968099_d89288041a_o.png?&w=1024&crop=1)
![51387968169_21d4d7c4e2_o Foto mostra antiga cédula de dois-mil-réis com fotografia das palmeiras imperiais do Jardim Botânico do Rio e o imperador Dom Pedro](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387968169_21d4d7c4e2_o.png?&w=1024&crop=1)
![51387234591_0f42c27cea_o Foto mostra cédula de dois-mil-reis com foto da Praça XV e do imperador Dom Pedro II](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387234591_0f42c27cea_o.png?&w=1024&crop=1)
As obras foram compradas pelo Banco Central em 1980. Quem vendeu o material foi Gilberto Ferrez, neto do fotógrafo. Na época, foram pagos Cr$ 200 000,00 por todo material, o que hoje equivale a mais de R$ 36 000,00.
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Nascido no Rio, Marc Ferrez foi um dos mais importantes fotógrafos brasileiros nos anos XX. Além de registrar a cidade, também percorreu e fotografou transformações em outros lugares do país, em viagens junto à Comissão Geológica do Império do Brasil (1875-1878).
![51387874839_cd0c9f97e2_k Foto mostra o antigo Palácio Monroe e o Obelisco da Av. Rio Branco](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387874839_cd0c9f97e2_k.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
![51387874649_048eb14240_k Imagem mostra a rua São Clemente](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387874649_048eb14240_k.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Ainda sem uma previsão de quando serão expostas, as imagens seguem guardadas em uma das casas fortes do Banco Central. No cofre, vigiado por câmeras, as fotos permanecem fechadas em um armário e envoltas em um envelope com papel pardo.
A chefe do museu afirma que hoje já existem formas mais modernas de conservação dos documentos, como o uso do Mylar, uma película parecida com um plástico que permite a preservação contra a luz e o calor.
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“Apesar de ser uma forma mais antiga de conservação, o papel pardo também tem a vantagem de preservar as fotos da iluminação, que é um dos principais fatores que causam a deterioração das fotos. Por esta razão nós encontramos as fotos tão bem conservadas”, explica Karla Valente.
Karla conta que a vivacidade das fotos chamaram a sua atenção. Na opinião dela, a imagem mais instigante não contém a paisagem mais deslumbrante da cidade, mas tem características históricas.
“Eu achei muito interessante o traje do homem que observa a estátua de Dom Pedro I, com o chapéu-coco, como se fosse um Carlitos, o famoso personagem de Charlie Chaplin, carioca”, descreve.
![51387141661_12d5d4288e_h Foto mostra estátua de D Pedro I na Praça Tiradentes com homem de chapéu observando](https://vejario.abril.com.br/wp-content/uploads/2021/09/51387141661_12d5d4288e_h.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)