O aquecimento do mercado de produtos eróticos durante a pandemia
Isolamento social faz disparar as vendas on-line de vibradores e brinquedos sexuais
O isolamento social causou impasses para a economia mundial e afetou as relações sociais. Na contramão dessa tendência, um setor aumentou as suas vendas: o de empreendimentos de objetos eróticos, que possibilitam a diversão sexual para muita gente nesse momento de solidão coletiva. Com a quarentena, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a fim de frear o novo coronavírus, mulheres do mundo inteiro estão recorrendo a sex shops, tanto para se divertir com os parceiros, como para o autoconhecimento e prazer próprio. A marca de brinquedos eróticos Womanizer divulgou que suas vendas cresceram em março, quando a pandemia explodiu, particularmente nas áreas mais afetadas pelo vírus, com aumento de 60% na Itália, 75% nos Estados Unidos e 71% em Hong Kong.
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O Rio é o segundo maior mercado de vendas de produtos eróticos no Brasil, com 11% do setor, atrás de São Paulo, com 33%. O e-commerce já representava 70% do faturamento de sex shops, e a pandemia tem influenciado no aumento deste cenário: as vendas de vibradores subiram 50% desde março, de acordo com pesquisa do portal especializado Mercado Erótico. Segundo a Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme), o isolamento social contra a disseminação da Covid-19 pode levar ao crescimento de até 12% na compra de vibradores e outros produtos sexuais.
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No Rio, lojas reforçaram as vendas on-line. A Désir Atelier Lingerie, na Barra da Tijuca, investiu em promoções de lingeries, brinquedos e acessórios sensuais para a quarentena.
“A pandemia deu um empurrão nas vendas. Já no primeiro mês da quarentena foram mais de 100, e só têm aumentado. O mercado está fluindo muito bem”, comemora Bárbara Bastos, sócia da boutique, aberta em 2018.
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Os produtos mais vendidos são o vibrador bullet, o gel vibration de doce de leite e o gel dessensibilizante Cliv Intt. A loja atende a pedidos pelo site e também pelo Instagram e pelo WhatsApp. Para a clientela carioca, a marca entrega os pedidos por um serviço de entrega expressa, ou na porta da boutique. Para quem mora fora do Rio, os pedidos são enviados por Sedex.
A universitária carioca Stephany Lopez, de 20 anos, namora há quatro anos, mas o parceiro mora em Niterói e, por causa das restrições da quarentena, não estão se encontrando. A jovem comprou um novo brinquedo erótico durante o isolamento para conhecer melhor o próprio corpo:
“Por estar longe do meu namorado por causa dessa pandemia, eu comecei a comprar mais produtos eróticos on-line, até porque tem muitas marcas fazendo promoção e sorteios incríveis. Eu já tinha comprado três brinquedos e alguns acessórios, mas agora decidi comprar um novo pra ter uma novidade durante esse isolamento. Acho que esse está sendo um momento de tentar relaxar, ficar bem e ter momentos de prazer sozinha”, conta Stephany.
Enquanto Stephany aproveitou o momento das promoções para aumentar a sua coleção, outras estão aproveitando para superar tabus e ter as primeiras experiências com brinquedos eróticos:
“Desde nova tinha curiosidade de experimentar, mas como existe um tabu em cima da sexualidade feminina, do prazer feminino, me restringia, como se fosse algo errado. Veio o distanciamento social, e com isso também veio a vontade de me conhecer mais, conhecer meu corpo, meu próprio prazer. Minha vontade de experimentar superou minha resistência”, conta outra estudante carioca, que comprou seu primeiro vibrador na quarentena.
A jovem, que prefere manter o anonimato, já seguia nas redes sociais uma sex shop on-line, e os descontos: “Vibradores geralmente são bem caros, e estava esperando também que o preço baixasse. Fizeram uma promoção nos últimos dias e aproveitei”.
O índice de satisfação dos brasileiros na compra de produtos eróticos por e-commerce é de até 81%, de acordo com pesquisa recente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O mercado de produtos eróticos tem crescido de forma acentuada nos últimos anos no Brasil. O setor atingiu a marca de R$ 1,7 bilhões em receitas em 2019, segundo a Abeme. Esse crescimento é atribuído principalmente às vendas on-line, um comportamento do consumidor visto nas estatísticas, já que cerca de 90% das vendas do setor são realizadas pela Internet.
Laura Yule*, estudante de comunicação da PUC-Rio, sob supervisão dos professores da universidade e revisão de Veja Rio