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Caso Anic: defesa de assassino diz que ele enterrou e concretou cadáver

Em carta, Lourival Fatica diz que Benjamin Herdy, viúvo da vítima, é o mandante do crime; ele nega as acusações

Por Da Redação
Atualizado em 25 set 2024, 13h47 - Publicado em 25 set 2024, 12h28
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    Anic Herdy: advogada foi vista pela última vez em fevereiro (Internet/Reprodução)

    A defesa de Lourival Correa Netto Fadiga, conhecido como Gordo ou Fatica, acusado de matar a advogada Anic Peixoto Herdy, disse que ele confessou o crime e que cometeu o assassinato sozinho, num hotel, tendo depois enterrado e concretado o corpo da vítima, que era sua amante, em um lugar na Região Serrana. A morte teria acontecido no dia 29 de fevereiro deste ano, mesmo dia em que ela foi dada como desaparecida. A advogada de Lourival, Flávia Fróes, afirmou em uma entrevista coletiva nesta terça (24) que “o mandante do assassinato é Benjamin Herdy, marido de Anic”. O caso da advogada – cujo corpo nunca foi encontrado – começou a ser investigado como sequestro. Lourival deve ser ouvido nesta quarta (25) na 2ª Vara Criminal de Petrópolis.

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    “Benjamin determinou a morte desde o mês de janeiro, e o sequestro foi uma forma de encobrir esse crime”, afirmou Flávia Froes. “Todo o plano foi forjado por ambos, e só não deu certo porque a filha de Benjamin gravou uma conversa dela com Benjamin e Lourival, em que ela estranha o crime”, prosseguiu. A advogada também apresentou uma carta supostamente escrita por Lourival da cadeia na segunda (23), em que ele confessa o crime. “Eu, Lourival C. N. Fatica, declaro que o Benjamin Cordeiro Herdy me mandou matar sua esposa, Anic Herdy, e que a compensação financeira é mera cortina de fumaça”, diz a suposta confissão. Flávia afirmou ao portal G1 que o local da morte da mulher vai passar por perícia, incluindo o uso de luminol para detectar o sangue de Anic, além de coleta do material genético da vítima.

    O advogado João Vitor Ramos, que representa o viúvo, disse em nota ao portal G1 que nova versão apresentada por Lourival “se trata de mais um ato de desespero e de crueldade” e que tanto ele quanto seus procuradores serão processados. A delegada que coordenou as investigações, Cristiana Onorato Miguel, afirmou à TV Globo que nada foi encontrado contra o marido de Anic: “Ao contrário do telefone do Lourival, que foi totalmente apagado por ele, o telefone do Benjamim foi periciado e vasculhado de ponta a ponta. Nenhum indício nesse sentido foi encontrado”.

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    Sobre a motivação do crime, a advogada Flávia Froes disse que “quem pode dizer é o próprio Benjamin”. Ela afirma que a motivação de Lourival foi financeira: “Dinheiro. A motivação dele seria o pagamento no valor do próprio sequestro, R$ 4 milhões”. “Ele [Benjamin] sugeriu que Lourival assumisse o crime sozinho, e que ele iria fazer uma compensação financeira para sustentar a família dele”, disse a advogada de defesa de Lourival. O acusado afirmou que o crime começou a ser planejado em janeiro, um mês antes do desaparecimento de Anic. Segundo ele, o sequestro foi uma invenção: “Durante todo o período do falso sequestro, Benjamin e Lourival estiveram juntos. As antenas dos celulares de Lourival e Benjamin vão provar que ambos estavam no mesmo lugar e fizeram tudo juntos”, acusou. “Lourival utilizou o telefone da Rebecca [namorada de Lourival, presa como cúmplice] para se movimentar, e manda a mensagem de Guapimirim para Benjamin após o assassinato.”

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    Segundo o Ministério Público do Rio, tratativas sobre uma delação estavam em andamento, “mas o MPRJ e a parte não chegaram a um acordo sobre os benefícios que poderiam ser aplicados ao caso concreto”. “Caso novas provas sejam apresentadas de maneira espontânea, serão validadas e, se for o caso, consideradas, fora do âmbito de uma colaboração premiada”. A ação penal segue em curso perante a 2ª Vara Criminal.

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    Confira a nota de defesa do viúvo de Anic:

    “Em relação à 2ª entrevista coletiva convocada e prestada pela defesa de Lourival, a família de Anic entende que se trata de mais um ato de desespero e de crueldade. Diante do óbvio e inevitável fracasso em tentar imputar a responsabilidade à própria vítima, tese que tentou emplacar quando do início das investigações, Lourival novamente altera a sua versão e agora, após a conclusão das investigações, adota a patética estratégia de desestabilizar Benjamim e Lara, que em breve serão ouvidos em declarações na instrução criminal, ao atribuir a autoria ao marido da vítima.

    Como se observa, retirar a vida de Anic não satisfez Lourival. A dor e o sofrimento do marido e dos filhos da vítima também não foram suficientes. Acuado pelo iminente início da instrução processual, que certamente culminará na sua condenação, assim como de todos os indiciados pela autoridade policial e denunciados pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Lourival utiliza o holofote proporcionado pela repercussão do caso para se promover e para prosseguir na missão de destruir aquilo que nunca foi capaz de alcançar em sua vida e que sempre invejou em Benjamim, Anic, Nickolas e Lara: A união e o amor de uma família.

    Lamentavelmente, essa empreitada conta com o apoio da defesa, que deveria se limitar ao aspecto técnico. Talvez acreditando que o exercício do inafastável direito de defesa lhe confere imunidade absoluta, Lourival, por intermédio dos seus procuradores, há muito prática reiterados abusos e excessos, incluindo-se, a toda evidência, a falsa imputação pública de crime a Benjamim.

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    Embora a emoção e a impulsividade reclamem resposta à altura, a família de Anic e seus advogados seguirão firmes no respeito ao devido processo legal, sempre observando o sigilo do processo criminal e, principalmente, atuando e dialogando nos estritos limites institucionais.

    Portanto, como consequência das declarações formuladas na entrevista coletiva em questão, Lourival e seus procuradores serão demandados na esfera cível, criminal e disciplinar.

    No mais, a família de Anic segue acreditando no Poder Judiciário e, principalmente, na minuciosa investigação conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, que há meses identificou e denunciou os efetivos responsáveis pelo assassinato de Anic.

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    Petrópolis, 24 de setembro 2024

    João Vitor Ramos

    OAB/RJ n. 224.566″

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