Hora do au-moço! Alimentação personalizada para pets ganha espaço no Rio

Os animais de estimação nunca estiveram tão bem servidos — ao menos quando se fala de alimentação. Com a crescente valorização do bem-estar dos pets, tutores vêm investindo cada vez mais em cardápios personalizados e ingredientes de alta qualidade para agradar os companheiros de quatro patas.  Dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) mostram que, só em 2024, o setor faturou 7,54 bilhões de reais no Brasil, um aumento de quase 10% em relação ao ano anterior. Mais da metade desse valor veio do segmento alimentação, o que revela uma tendência clara: os bichinhos estão comendo melhor — e os donos estão mais exigentes na hora de escolher o que vai para os potinhos.

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No estado do Rio, onde vivem 14,8 milhões de animais de estimação (15% do total nacional), essa mudança de comportamento é evidente. A fitoterapeuta Marina Valladão, de 45 anos, e a esposa, Fernanda Dias, de 50, não economizam quando o assunto é o bem-estar das shih tzus Cleo e Vicky. “Aqui em casa só entra ração superpremium. A gente é pobre, mas elas são ricas”, brinca Marina. As cadelas, que desfilam com medalha de ouro do Vaticano na coleira, têm rotina digna de pet real: moram em Araruama, mas vêm com frequência à capital para consultas com especialistas, principalmente depois que Cleo foi diagnosticada com uma doença autoimune na medula.

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Além das rações de alto padrão, cresce também a adesão à alimentação natural, baseada em insumos orgânicos e frescos, preparados de forma personalizada. “O cardápio padrão é voltado a cães adultos saudáveis, mas há opções específicas para animais com comorbidades, auxiliando no tratamento de diversas condições”, explica Bernardo Peirão, sócio da Chef Bob, empresa carioca fundada há quase dez anos. O investimento inicial foi de 120 000 reais — hoje, a marca entrega marmitas em oito estados e projeta um faturamento de 50 milhões até o fim do ano.

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A publicitária Mariana Lyra, de 28 anos, e o engenheiro Bernardo Ballista, de 30, decidiram apostar nesse caminho para cuidar dos três vira-latas da casa: João, Juninho e Jorginho. Após consultar uma nutróloga veterinária, montaram uma dieta 100% natural para o trio. “Notamos menos queda de pelo e melhora na saúde geral. Até o odor do hálito e das fezes diminuiu”, diz Mariana. O novo hábito também ajudou a controlar um problema genético de pele de Juninho. Apaixonada pela vida canina, ela acabou virando sócia da empresa de adestramento e hospedagem DoGo. “Aprendemos a mimar da forma certa, com recompensas. É importante garantir qualidade de vida sem humanizar demais o bicho”, avalia.

Embora o mercado esteja aquecido e cada vez mais sofisticado, especialistas fazem um alerta: nem sempre o que parece saudável é, de fato, indicado. “As pessoas acham que alimentação natural é sinônimo de saúde, mas a combinação de frango, arroz e cenoura, por exemplo, pode ser totalmente ineficaz”, afirma a veterinária Manuela Fischer, PhD em nutrição animal. Ela ressalta que qualquer mudança na dieta deve ser feita com acompanhamento profissional. Outro ponto importante, segundo Manuela, é não projetar nos pets as carências humanas. “O cachorro não é uma criança. É um animal que precisa de estímulo, socialização e rotina. Quando tratamos como gente, fazemos mal a eles e a nós mesmos.” Seja com ração superpremium, marmita gourmet ou dieta sob prescrição, o fato é que os bichos estão no centro da vida doméstica — e têm garantido um lugar à mesa como verdadeiros membros da família.