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Agente da Guarda Municipal faz sucesso na web com dicas de moda

Luanda Almeida faz vídeos em provadores de loja e compartilha achados fashion com 260 000 seguidores no Instagram

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 8 dez 2017, 16h49 - Publicado em 8 dez 2017, 16h40

Em uma pacata rua em Vila Valqueire, na Zona Oeste, uma casa de muro verde desbotado, toda em reforma, esconde um quarto dos sonhos. Parece a casa da Barbie: dos móveis aos objetos de decoração, quase tudo é rosa, até o frigobar. O cômodo tem uma pequena arara de roupas, duas máquinas de costura, uma estante que abriga pelo menos dez bolsas, entre réplicas da Gucci e da Chanel, e uma prateleira com cerca de 150 vidrinhos de esmalte organizados meticulosamente por cor, em dégradé. Sobre a penteadeira­-camarim, repousa uma infinidade de pincéis de maquiagem, batons, sombras e perfumes. No ar paira o aroma adocicado de La Vie Est Belle, da Lancôme, a fragrância preferida de Luanda Almeida, de 32 anos. Ali, em seu estúdio, ela deixa de lado a farda da Guarda Municipal, onde trabalha há seis anos, grava vídeos sobre moda para o YouTube e faz fotos de seus looks para o Instagram, onde é seguida por 260 000 pessoas. Entre os fãs virtuais da agente de trânsito fashion, que vai trabalhar maquiada todos os dias, estão promoters descoladas da Barra, como Nina Kaufmann e Ana Paula Barbosa, e até o ex-prefeito Eduardo Paes. “Houve uma época em que ele assistia a todos os meus vídeos no Insta, tenho até cópia de tela em que aparece o nome dele”, diverte-se Luanda, que usa lentes de contato azul-­topázio. “Na guarda, muitas agentes me seguem, e as esposas dos colegas também.”

Pelo menos duas vezes por semana, a blogueira, que já foi dona de uma marca de roupas, visita centros comerciais, como BarraShopping, Norte Shopping e Mercadão de Madureira, em busca de achados e novidades. Apesar de já ter desembolsado 7 000 reais por uma bolsa Louis Vuitton original, suas marcas preferidas são as de fast-fashion, como Renner, Riachuelo, C&A, Zara e Forever 21, onde costuma gravar a série “Look no provador”. Como o nome diz, são vídeos feitos por ela mesma, dentro da cabine, experimentando as peças eleitas do dia. A guarda fashion também usa a internet para ensinar a customizar camisetas, dar dicas de onde comprar maquiagem baratinha e cópias de óculos escuros de grifes como Prada e Miu Miu, além de indicar tratamentos faciais e corporais que ela costuma ganhar em troca de divulgação — alguns insólitos, como o jump, uma máquina que suga os glúteos e promete empiná-los (tudo é devidamente postado em sua conta no Instagram). Vaidosa ao extremo, a blogueira é adepta ainda do preenchimento labial e do Botox, e já passou por cinco cirurgias plásticas, entre procedimentos no nariz, nas pálpebras, lipoaspiração e implante de próteses de silicone nos seios.

Seu estilo, que ela define como casual-chique, foi conquistado aos poucos por meio de cursos como o de consultora de moda e o de maquiadora no Senai Cetiqt. “Já me vesti muito mal, e ainda tinha um megahair enorme, louro branco. Eu parecia uma mistura de ‘ném’ com travesti. Hoje, estou mais chique”, dispara ela, sem se preocupar em ser politicamente correta. Com a ajuda do marido, um microempresário do ramo de automóveis, a blogueira já chegou a pagar 9 000 reais por uma viagem a Paris, na França, onde ficou uma semana para estudar o assunto, com o projeto Moda Mundo Circuito, que teve a badalada influenciadora digital Boca Rosa como convidada. “Ninguém nasce pronto, tudo é um processo de aprendizado. Fiz questão de investir em cursos para não detonar a vida de ninguém dando dicas ruins. Sou espelho para muita gente”, conta Luanda, que trancou a matrícula na faculdade de direito e, no ano que vem, começará a estudar design de moda. “A Luanda encarna as mulheres da vida real e mostra que dá, sim, para compor looks bacanas sem gastar muito. Chique é isso”, afirma Alê Duprat, stylist de celebridades como Fernanda Lima, Paolla Oliveira, Juliana Paes e Deborah Secco.

Comprado pelo Facebook em 2012 por 1 bilhão de dólares, o Instagram sempre teve a moda entre os conteúdos de destaque. A hashtag “fashion” é a sexta mais popular no Brasil, atrás apenas de “love”, “bom dia”, “boa noite”, “instagood” e “amor”. E mais: segundo uma pesquisa do Facebook, 80% dos usuários da plataforma já fizeram alguma compra inspirados no que viram nas fotos. Não à toa, grifes pagam caro para ter seus produtos citados pelas celebridades virtuais que têm milhares de seguidores. No caso de Luanda, os ganhos mensais com a internet já superam o salário de 3 000 reais da Guarda Municipal. “Houve mês em que tirei 7 000 reais. Também já recebi hospedagem de graça com a minha família em Cabo Frio e Angra dos Reis”, conta ela, que cobra a partir de 500 reais por um post patrocinado e o mesmo valor pela presença vip em eventos como a inauguração da Clínica do Dr. Hollywood, há um ano, na Ilha do Governador. Paralelamente ao expediente na Guarda Municipal, a blogueira planeja cuidadosamente o lançamento de uma grife de roupas descoladas criadas por ela. Mas Luanda sonha mesmo é com o dia em que sentará na primeira fila da Semana de Moda de Paris.

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