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A escola pública que vem formando padeiros de mão cheia

Alunos de colégio público em São Gonçalo destacam-se em importantes cozinhas do Rio e de São Paulo

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
21 ago 2017, 15h13
Sala de aula: 75 quilos de farinha e 1500 pães por mês (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)
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Todos os dias, no fim da tarde, o aroma de pães e bolos fresquinhos perfuma as redondezas da Rua Capitão Juvenal Figueiredo, em São Gonçalo. É nesse endereço que fica o Colégio Comendador Valentim Santos Diniz, o primeiro do estado voltado para a formação em tecnologia de alimentos, com ensino técnico em panificação e confeitaria. Na parte da manhã, os alunos aprendem as matérias tradicionais, como física, geografia e português. Depois do almoço, partem para a cozinha industrial, de 55 metros quadrados, equipada com dois fornos e um fogão, e põem a mão na massa sob a batuta de doze professores especializados. Por mês, utilizam 75 quilos de farinha de trigo, 30 de açúcar e 4 de fermento biológico no preparo dos 1 500 pãezinhos e das 780 fatias de bolo produzidos nas aulas práticas.

A alquimia vem dando certo. Formado em 2015, Pablo Rodrigues, de 19 anos, trabalha desde o ano passado na The Slow Bakery, em Botafogo, que recebeu o título de o melhor pão da cidade segundo o guia VEJA RIO COMER & BEBER 2017. “O colégio sempre foi muito estimulante. Todo ano temos uma feira científica. Numa das edições, apresentei uma receita de fermento à base de açaí, que resultou no meu primeiro emprego”, conta o ex-aluno.

ESCOLA DE PADEIROS
Pablo Rodrigues: emprego garantido depois de formado (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

Já a primeira fornada de Brenna Araújo, de 19 anos, foi um desastre: “Queimei tudo”. Aos poucos, a adolescente descobriu seu talento. Estudante de nutrição da UFF, hoje ela se dedica ao curso universitário e, nos fins de semana, dá plantão no bufê de eventos do Laguiole. Há profissionais se destacando até mesmo no concorrido mercado paulista. É o caso do confeiteiro Luan Vieira, que, após três anos no Copacabana Palace, entrou para o time do Palácio Tangará, hotel cinco-estrelas cujo restaurante é comandado pelo chef francês Jean-Georges Vongerichten, dono de três estrelas no Guia Michelin.

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Criada em 2009 com investimento de 11 milhões de reais da iniciativa pública e privada, a escola faz parte do Programa de Educação Integral da Secretaria de Educação. Esse modelo de parceria começou em 2008, quando o prédio da Oi, na Tijuca, passou a abrigar o Colégio Estadual José Leite Lopes, conhecido como Nave. Trata-se da unidade estadual com melhor desempenho no Enem, seguida pela instituição de São Gonçalo. “Nosso índice de aproveitamento no vestibular é de 80% e, dos 100 alunos que formamos todos os anos, a maioria sai empregada. Além disso, nossa taxa de evasão é zero. Engajamos os jovens”, comemora o diretor, Carlos José Pestana Moreira. Está aí uma receita que não pode desandar.

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