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Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga
Educação
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As pandemias mudam a história

Elas não chegam aleatoriamente. Os vírus entram pelas fragilidades da sociedade e mostram nossas prioridades

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 18 Maio 2020, 11h09 - Publicado em 18 Maio 2020, 11h08

As pandemias e as epidemias afetam as sociedades e alteram os grupos sociais. No livro “Epidemias e sociedade: da peste negra ao presente”, o historiador Frank M. Snowden, professor de história da medicina em Yale, expõe como os surtos de pestes influenciaram todas as áreas importantes da vida humana: a política, a economia, a vida social, as formas de discriminação e o comportamento das sociedades. Atingem a estabilidade econômica, social e política e trazem à tona grandes questões filosóficas, religiosas e morais, como nossa relação com a mortalidade, com a morte, com a vida e com a moralidade.

O autor afirma que “as doenças epidêmicas não são eventos aleatórios que atingem sociedades por capricho e sem aviso. Pelo contrário, toda sociedade produz suas próprias vulnerabilidades específicas. Estudá-las é entender a estrutura da sociedade, seu padrão de vida e suas prioridades políticas.” Portanto, o funcionamento das estruturas sociais influencia o aparecimento das doenças que não chegam de modo aleatório e caótico. Os micróbios entram nas brechas criadas pelos seres humanos. E essas brechas expõem quem somos. A cólera e a tuberculose, por exemplo, hoje, se abrigam na pobreza e na desigualdade, que parecemos aceitar como alguma coisa natural ou, pelo menos, inevitável. Nossas reações às situações de risco que corremos dependem dos valores, dos compromissos e da consciência de fazer parte do grupo dos humanos e não de tribos apartadas.

Para nos prepararmos para outras crises, precisamos mudar radicalmente a mentalidade, pensar coletivamente, cuidar dos outros, entender que a saúde dos mais vulneráveis interfere na saúde da sociedade, que a saúde depende de alimentação, água potável e serviços básicos para todos. Na pandemia, nas macas de hospital, é caricaturesco discriminar pessoas por raça, etnia, gênero, ideologia, status econômico e outras inconsequências.

O mundo precisa promover uma ação conjunta, num esforço organizado de todos os países, num empreendimento planetário, para solucionar a crise, não apenas a sanitária, mas as que a acompanham, como a crise econômica que veio agravar a que já se iniciava, além da social, da emocional, do trauma a que o mundo está sendo submetido. As nações vão ter que se ajudar.

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Continuar ignorando a desigualdade de acesso de todos os habitantes do planeta aos bens básicos para a vida saudável será uma imoralidade como também não é mais possível tratar a destruição do ambiente e a mudança climática como uma fantasia. Pagaremos um preço muito alto, a começar pelo fato de que nunca estaremos preparados para enfrentar outro evento devastador para a humanidade. Estamos num drama moral: temos que decidir que mundo queremos deixar para as próximas gerações.

Patrícia Koner Lins e Silva é pedagoga, autora do livro “Inteligência se aprende” (Companhia das Letras) e diretora da Escola Parque.

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