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Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga
Educação
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Viciados em socializar

A tecnologia digital dribla o distanciamento social, mas não bastam. Sentimos falta da presença física das pessoas

Por Patricia Lins e Silva Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
6 Maio 2020, 13h05

O homem é um ser gregário. Desde os tempos remotos vive em grupos. Como é um animal frágil, precisou de outros para se proteger de inimigos, para ajudar a caçar e assegurar a sobrevivência de todos.

O homem é um animal social. Vive em relação com os outros. Agora, por uma circunstância incomum, provocada por uma pandemia, ele não pode se amparar no grupo e, pelo contrário, precisa se afastar fisicamente dos outros porque podem ser um risco, uma ameaça à sua sobrevivência. Uma situação difícil de enfrentar. Mas esse animal social é também um animal engenhoso e desenvolveu uma tecnologia que permite o encontro com a imagem do outro no espaço virtual, o que dribla o distanciamento físico. Numa rápida adaptação quase todas as atividades se transferiram para o éter da nuvem virtual. Na verdade, todos surfamos na grande rede tentando fugir da realidade pesada da vida confinada, com possibilidades incertas.

As condições de vida que o confinamento impôs alteraram muitas coisas, entre elas, as preocupações. Numa curiosa inversão de opinião, os pais, que antes da pandemia preocupavam-se com o excesso de tempo que os filhos passavam em frente das telas, agora insistem que se sentem diante do computador para frequentar a escola on-line, estudar e cumprir as tarefas. E agora os jovens resistem, se zangam, brigam e imploram para sair de casa e compartilhar espaço físico com os amigos.  O confinamento trouxe à nossa consciência a importância da presença física de outros seres humanos na proximidade social. Será que se o isolamento continuar por tempo suficiente, vamos acabar rejeitando as telas?

O receio que os pais tinham de que os filhos se viciassem na internet, com o excesso de uso dos celulares e computadores mudou com a quarentena. Deixaram de olhar o mundo digital com desprezo, assim como seus pais olhavam o heavy metal e os avós as histórias em quadrinhos. Até há dois meses, os adolescentes passavam parte de seus dias na escola, conversando, tendo aulas, brincando, quase sempre com muita gente presente, bastante monitorados e controlados, sem propriamente uma privacidade física.  As telas foram uma oportunidade de socializar sem os pais junto. No espaço virtual existe a sensação de liberdade com os amigos, um lugar onde se pode levar uma vida própria.

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No momento, a escola, os amigos, qualquer atividade, dança, ginástica, reuniões religiosas, tudo é virtual. Adultos bem-intencionados se oferecem para ajudar e propõem mais atividades nas telas para os jovens, que provavelmente estão vivendo uma vida quase totalmente on-line. Não só eles como muitos adultos e crianças. Mas todos estão se cansando. Há um limite para quanto tempo se aguenta usar as telas e qualquer aplicativo. Até mesmo os adolescentes. Talvez acabem aparecendo crianças e jovens com aversão aos computadores.

Na verdade, os adolescentes entram on-line, não pelos atrativos da tecnologia, mas porque é a opção mais viável para encontrarem os amigos. Na verdade, os jovens não são viciados em tecnologia, são viciados em socializar.

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