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Por Lelo Forti, mixologista
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A década dos tônicos: como uma bebida virou líder de consumo global

Do flagelo inglês do século XVIII às taças de Bordot, nunca se viu uma bebida ganhar tantas variações, moda e tendência como um gim-tônica

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Atualizado em 18 fev 2020, 19h54 - Publicado em 18 fev 2020, 14h15

No ano do centenário da Lei Seca Americana, que mudou a maneira de consumir álcool pelo mundo, vivemos e celebramos a invasão das bebidas gaseificadas e tônicas.

Nunca na história deste país, bebeu-se tantos coquetéis gaseificados, frescos e refrescantes. O gim-tônica é líder absoluto deste consumo global. Sim. Ele mesmo. A mistura do quinino com o gim, que por séculos alimentou a crença da cura do escorbuto, hoje é consumido por apreciadores que buscam socializar se mundo afora. Numa birosca do interior, num sofisticado restaurante nova-iorquino ou na balada eletrônica, você vai encontrar uma estação de bar de gim-tônica, carinhosamente chamado de G&T.

Se voltarmos no tempo, nas décadas de 1980 até 2010, no Brasil, a febre era vodca. Gim-tônica, lembro perfeitamente, estava em desuso, e mais, era considerado por muitos a bebida do estágio final do alcoolismo. Nada era pior do que beber um G&T. Copo long drink (aquele comprido, como o nome diz) e uma rodela de limão. Simples assim. Porém cafona, ultrapassado e sinônimo de embriaguez doentia. A era do Cosmopolitan, da personagem Carrie, do badalado seriado “Sex And The City”, foi febre  e ditou a moda dos anos 2000. Era chique, inovador, sofisticado.

Mas a vodca passou, sem antes ser consumida com muito energético nas baladas, boates e festas em todo o Brasil. O que era inovador e diferente passara a ser uma mistura perigosa, atrelada à marginalização e à falsificação de muitas marcas de vodca no Brasil. Era o começo do fim para a bebida que hoje sobrevive em mistura de frutas (caipivodcas) e outra mistura febre no Brasil, o Moscow Mule. Mas isso é assunto para uma outra edição.

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De repente, sem muita explicação de onde, como ou por que, o gim-tônica recomeça a fazer parte das cartas de coquetéis mundo afora. Só que desta vez, a bebida, que, por muitas vezes, foi feita nas banheiras clandestinas de hotéis e bares de Nova York e Chicago na era de Al Capone, agora estava de roupa nova. Servidas em belas taças bordoux, taças de cognac, verdadeiras peças de arte a serviço da bebida mais amada pelos ingleses.

A simples e cafona rodela de limão dera lugar a lascas de pepinos, bagas de zimbro, fatias lindas de grapefruit. Veio ainda o requinte dos malabarismos circenses dos bartenders, a defumação, estilos de gim, ervas, flores, temperos e as tônicas. Não importa se você goste ou não, para estar na moda atual você precisa estar conectado, ver séries da Netflix e beber gim-tônica. E quanto mais espalhafatoso melhor. Quando você não consome álcool, você pede para o bartender servir sua água tônica nos mesmos moldes de um G&T. E ai de quem o fizer diferente.

Difícil achar nos happy hours atuais, algum bar, ou algum barman excêntrico, que sirva um gim-tônica clássico, num long drink, com uma simples rodelinha de limão-taiti. Isso até faz sentido, em casa, com os amigos. Na era das mídias sociais, o sucesso depende do modismo, dos rituais de consumo, dos blogueiros e, claro, das boas e inusitadas receitas do nosso querido e amado gim-tônica. Cheers!

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