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Psiquiatra infantil
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O impacto do politicamente correto na formação das crianças

Por mais que os pais queiram preservar os filhos, tristeza e frustração são fundamentais para o amadurecimento

Por Fabio Barbirato
Atualizado em 31 Maio 2021, 19h59 - Publicado em 31 Maio 2021, 13h00

O príncipe roubar um beijo da Bela Adormecida é abuso sexual? Quem brinca de polícia e ladrão pode virar bandido? Games violentos criam assassinos? É a partir de questões como estas que o filósofo Luiz Felipe Pondé e o psicólogo Ilan Brenman escreveram o livro “Quem tem medo do lobo mau – O impacto do politicamente correto na formação das crianças”. Lançado em 2020, os autores fazem uma análise do politicamente correto e discutem sua influência na formação das crianças e nos adultos que elas virão a ser.

Pondé e Brenman defendem que a patrulha do pensamento nos leva a perder a capacidade de interpretar a vida, com seus símbolos e suas ironias. Segundo eles, isso explica um número cada vez maior de pessoas com dificuldades em lidar com as emoções que sentem, deprimidas e inseguras.

Um dos pontos mais interessantes do livro é a parte em que os autores defendem a importância de alguma dose de tristeza e frustração nas crianças, para que elas alcancem o amadurecimento. A observação dos dois vai de encontro, justamente, ao comportamento de muitos pais durante a pandemia. A tentativa de poupar as crianças da verdade, de subestimar a inteligência delas acreditando que assim elas serão preservadas de dores é mais que frustrante: é ineficaz.

Os autores destacam ainda um ponto em que sempre insisto em aulas e palestras: as crianças aprendem por exemplo. Como esponjas, a constituição moral delas se constrói a partir do que elas testemunham. Se enganam os pais que acreditam que os filhos estão alheios ao seu comportamento social, da pequena mentira em família à falta de educação no trânsito. Uma amiga me contava outro dia que foi questionada pelo filho de seis anos sobre o porquê de ela ter dito ao pedinte no sinal que estava sem carteira. A criança sabia que ela estava em sua bolsa – e com dinheiro dentro.

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Outro ponto muito rico levantado pelos autores é a importância do brincar na constituição de subjetividade das crianças. Numa brincadeira, a espada, por exemplo, tem um víeis muito mais de extravasamento de emoção do que formação de um possível adulto violento. As brincadeiras ajudam as crianças a lidarem com a complexidade do mundo.

Por fim, Pondé e Brenman chamam os pais à responsabilidade inerente ao ato de educar uma criança. A pandemia foi responsável por negar, durante meses, a estrutura a que muitos pais sempre recorreram: avós, escola e babás. Muitos se viram diante do desafio de serem pais em tempo integral. Que a experiência, tão quanto radical, amplie a consciência de pais sobre a essência da educação.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM  e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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