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Psiquiatra infantil
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Covid-19: o (mau) exemplo de quem não tomou a segunda dose da vacina

Quase quatro milhões de brasileiros não compareceram aos pontos de vacinação para a segunda dose. Com isso, o que esses pais estão ensinando aos filhos?

Por Fabio Barbirato
Atualizado em 22 jun 2021, 15h54 - Publicado em 22 jun 2021, 13h48

O número é da Secretaria Municipal de Saúde do Rio: 78 mil pessoas não apareceram nos pontos de vacinação para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19. Este número sobe para assombrosos quatro milhões de pessoas se considerarmos todo o Brasil. Em busca dos sumidos, a Secretaria do Rio está fazendo uma busca ativa – gastando tempo, dinheiro e recursos humanos que poderiam estar melhor empregados – dessas pessoas, para que tomem a D2 do imunizante no tempo correto. O esquema vacinal completo em duas doses é fundamental para garantir a eficácia da imunização.

No país que sequer conseguiu imunizar 20% da população e onde tantos ainda sonham com o momento em que receberão a primeira dose no braço, porque aquelas pessoas que tem direito e acesso à vacina não foram tomá-la? As hipóteses são muitas: de desinformação genuína acerca da necessidade da segunda dose às vítimas das fakenews, que espalham barbaridades absurdas sobre a vacina e contra a ciência, passando por aqueles que sofreram com os efeitos colaterais da primeira dose e acreditam-se já protegidos, embora saiba-se que só atingiremos a imunização com 70% da população tomando as duas doses.

Mas será que estas teorias dão conta dos quase 100 mil cariocas que não tomaram a segunda dose? Ou é genuíno imaginar que grande parte destas pessoas optaram, deliberadamente, por não comparecer novamente aos postos de saúde?

Seja pela razão que for, a ausência de tantas milhares de pessoas choca, perturba, constrange. Tendo em vista que, até aqui, a vacinação só contemplo os maiores de 50 anos, é razoável supor que muitos dos imunizados tenham filhos ou netos. Portanto, a pergunta que fica é: que exemplo estas pessoas acham que estão dando aos menores ao não comparecerem para a segunda dose da vacina?

E o que dizer daqueles que correm os postos em busca da vacina A ou B, os sommeliers de imunizante, que se recusam a apenas aceitar a vacina que estiver à disposição no momento? Que mensagem recebe os filhos daqueles que recusam Astrazeneca à espera de Pfizer, que preferem Janssen à Coronavac?

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Boa parte do aprendizado das crianças vem da observação do comportamento dos pais. Portanto, o modo como cada um de nós está enfrentando a pandemia não apenas impacta em como nossos filhos e netos também reagem a este momento, como também marcará as lembranças deles deste momento, para sempre.

Tomar as duas doses da vacina e usar máscara é sinal de empatia e respeito ao próximo. Se já eram valores na formação moral e intelectual de qualquer criança antes da pandemia, depois de tempos tão adversos ficou mais que importante: são fundamentais.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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