Muito se falou esta semana sobre a participação de Adele no programa Saturday Night Live. A cantora foi apresentadora e fez várias esquetes de humor. Chamou a atenção não só seu fair play para a comédia mas também suas mudanças físicas. Foi a primeira vez que ela apareceu num programa de TV depois de fazer uma dieta rigorosa que a fez perder 45 quilos. Bem mais magra, ela brincou com a perda de peso na abertura. “Eu sei que estou muito, muito diferente desde a última vez que vocês me viram, mas na verdade, por causa de todas as restrições da Covid e proibições de viagens, eu tive que viajar com pouca bagagem e trazer apenas metade de mim – e esta é a metade que escolhi”, brincou.

A piada contada por ela pode ser um ponto interessante para debatermos o chamado padrão de beleza. Digo chamado porque padrão de beleza não existe, é uma convenção social. Nas redes sociais, muitos celebraram o fato de Adele estar mais magra e, segundo, eles, mais bonita. Outros criticaram assim que ela foi flagrada pela primeira vez após perder peso, no início do ano, dizendo que seu rosto, uma marca registrada, estava mais envelhecido. De fato, quando ocorre perda de peso excessiva e rápida, há uma aumento da flacidez na face pela redução de volume e gordura na região. Mas isso não quer dizer que estes efeitos não possam ser revertidos. Hoje existem muitos procedimentos para reestruturação da pele com excelentes resultados.

Discordâncias à parte nas redes, existe esta teoria popular de que ficamos com o rosto mais bonito se não estivermos tão magros com o passar dos anos. Algumas atrizes contribuíram para a consolidação destas ditas “verdades”, como a francesa Catherine Deneuve, que sempre preferiu ficar, digamos, o que seria segundo o “padrão” um pouco acima do peso. O que sustenta a estrutura facial é o arcabouço ósseo, os coxins de gordura da face, os ligamentos, os músculos e o colágeno da pele. E mesmo que uma pessoa mantenha o mesmo peso a vida inteira, ela vai ter “um derretimento” com o passar dos anos. É um processo natural envelhecer. E até, quanto mais pesado for o rosto, mais difícil de tratar. 

Voltando à Adele, não é porque ela emagreceu que sua beleza virou assunto. A beleza de Adele sempre foi assunto. Ela chamou atenção desde que surgiu no cenário musical em 2007. E mais que isso. Não apenas a beleza, mas a vaidade de Adele, além da voz estonteante, sempre chamou a atenção também. A maquiagem e o cabelo sempre impecáveis se tornaram referência de beleza para editoriais de moda e viraram símbolo de  um glamour dos anos 50 atualizado, um visual retrô super moderno.

Com 45 quilos a menos, no Satudray Night Live, programa que a revelou aos Estados Unidos em 2008, Adele agora mostrou que segue fiel a seu estilo, com make caprichada, especialmente no contorno, e cabelo igualmente produzido. Até as roupas que ela usou na maior parte do programa lembram os looks que ela já usava antes de emagrecer. Só que agora, ela valoriza mais suas curvas, parecendo estar feliz com o corpo que reconquistou. As críticas de que parecia mais envelhecida agora que emagreceu não apareceram muito desta vez, até porque a cantora está com a pele, como sempre esteve, bem cuidada e certamente lançou mão do arsenal de tratamentos e tecnologia para recuperar a flacidez e as marcas que eventualmente surgiram com a perda de peso.

Se Adele está mais ou menos bonita do que antes de investir em dieta e exercícios para ficar mais magra, não importa. Não importa também o que pensam seus seguidores e até nos mesmos. O que importa é se ela está se sentindo bem, se ela se acha bonita. As mulheres aprendem ao longo da vida que devem estar “bonitas” para os outros ou mesmo para as outras mulheres. Mas o que importa mesmo é como cada mulher se sente bem e se está com a autoestima e a cabeça em dia. E o mais importante de tudo, Adele está com certeza mais saudável para continuar acarinhando os nossos ouvidos por muitos anos. 

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