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Blog sobre as ruas do Rio de Janeiro
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Uma “gringa” que sabe à beça de Rio

Reprodução do “questões estrangeiras”, da Flora Um dos blogs mais divertidos que eu vinha acompanhando nesses últimos meses era o “questões estrangeiras“, que acabou no último dia 3 de janeiro. Era escrito pela estudante americana da Princeton University (e intercambista no Rio) Flora Thomson-DeVeaux, no site da revista “Piauí”. Os textos, em inglês, apesar do […]

Por Pedro Paulo Bastos
Atualizado em 25 fev 2017, 19h29 - Publicado em 10 jan 2012, 14h41
Reprodução do “questões estrangeiras”, da Flora

Um dos blogs mais divertidos que eu vinha acompanhando nesses últimos meses era o “questões estrangeiras“, que acabou no último dia 3 de janeiro. Era escrito pela estudante americana da Princeton University (e intercambista no Rio) Flora Thomson-DeVeaux, no site da revista “Piauí”. Os textos, em inglês, apesar do ótimo português da Flora, relatavam suas peripécias pela cidade maravilhosa, seu relacionamento com os cariocas, e interessantes análises sobre cultura popular brasileira dos anos 20, tema de sua pesquisa acadêmica.

Identificava-me com grande parte do que ela escrevia, principalmente quando se metia a falar das ruas do Rio, como em 6 de dezembro, na postagem “Stuck in traffic” (Preso no trânsito). Através da janela de um ônibus, tomado na Rio Branco às 18h30, Flora foi descrevendo as alterações de paisagens, sons e sensações ao longo de todo o percurso até chegar ao seu destino, algum bairro da zona sul, onde esteve morando. Mesmo que tenha o dom de escrever bem, a essência genuinamente carioca captada por ela é fantástica. Poucos turistas/intercambistas têm uma percepção mais apurada da cidade, menos superficial, pelo menos de todos os que eu tive a oportunidade de conhecer até agora. Flora é crítica, mas não é chata; vê nossas particularidades sociais e urbanas como… particularidades. Merecedoras de respeito.

Agora, o grande barato do recente-extinto “questões estrangeiras” foi a postagem de 13 de outubro, “The true meaning of children’s day” (O verdadeiro significado do dia das crianças). Foi um de seus textos mais longos, e dos mais empolgantes para um flâneur como eu. Ultrapassando qualquer barreira cultural e geográfica, superando quaisquer expectativas e estereótipos do “gringo” clássico que, à zona norte, só vai ao máximo tirar uma fotinho no estádio do Maracanã, Flora foi fazer uma visita à Igreja da Penha. Sozinha, instigada pela curiosidade de saber que castelo em cima de uma colina era aquele, avistado pela Linha Vermelha no seu caminho ao Galeão.

O relato foi ácido, mas sem preconceitos. Pelo contrário; Flora fez uma análise bastante verdadeira sobre as diferenças entre zona sul versus zona norte, não no sentido de “nossa, que lugar horroroso” como muitos discursam, mas sim na forma como a paisagem urbana e os serviços se constituem distintamente. Muuuui distintos. Como ela mesmo disse, “(…) whenever I catch a train out of Central do Brasil, I’m newly stunned by the vast span of the city. And Zona Norte is a different city“. A partir daí, rolam descrições apuradas sobre a sua chegada ao alto da igreja, novamente suas sensações, o atendimento um pouco negligente dos funcionários, o perfil dos visitantes, e o museu decadente, despreparado.

Aliás, reclamações sobre museus, até mesmo na zona sul, foram constantes no blog da Flora, e com razão. A menina vem para cá pesquisar sobre Carmen Miranda, quase seu país natal, e se depara com um decepcionante, minúsculo e pouco divulgado centro cultural, que até eu, carioca de carteirinha, desconhecia. Se esse, que fica na Avenida Rui Barbosa, é assim, imagina o Casa dos Milagres, no alto da Penha.

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Enfim, há muitos textos bacanas escritos por ela que valem a leitura (dificuldades com a língua inglesa podem ser resolvidas com o nosso amigo Google Tradutor!). Para quem acompanhou a polêmica, ela é a autora da crônica que descrevia a rotina numa universidade brasileira, mais especificamente a PUC, onde esteve como intercambista. Foi um estardalhaço (relembre aqui), começaram a “meter bala” no nosso sistema educacional, fizeram reportagens com outros estrangeiros para que eles dessem suas opiniões sobre, e a conclusão, já suspeitada, foi a de que faculdade aqui parece festa. A poeira abaixou e as clássicas choppadas universitárias não cessaram.

Meus respeitos e singelos elogios à Flora, que mesmo participando de tantos feriados, festas, com pessoas irresistivelmente hospitaleiras (como nós!), e um sem-fim de atrações que o nosso Rio oferece, ao que tudo indica, conseguiu levar a sério seus estudos e pesquisas por aqui. E ainda deixou um legadaço, que foram seus textos e, que curioso!, suas dicas de lugares no Rio. Eu nunca fui ao Real Gabinete Português de Leitura – ela sim, e escreveu a respeito de lá, assim como dezenas de outros locais que eu ignorava. Minha perspectiva em relação ao Rio ficou mais ampla, graças a uma “gringa”. Obrigado, Flora.

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