O que acontece na última temporada da série Dom, da Amazon Prime
Com cenas de ação intensas, obra inspirada em assaltante dá ainda mais destaque ao relacionamento entre ele e seu pai na derradeira leva de episódios
Livremente inspirada na história do bandido Pedro Dom, a série Dom chega à terceira e última temporada, que acaba de ser disponibilizada na Amazon Prime Video. Gabriel Leone dá vida ao jovem de classe média que se viciou em cocaína muito cedo e acabou se tornando o líder de uma quadrilha de assalto a residências de luxo, sendo chamado de “bandido gato” e dominando o noticiário no início dos anos 2000.
Mais curta, com cinco capítulos, a nova leva dá ainda mais destaque ao relacionamento entre Pedro e seu pai, Victor (Flávio Tolezani), policial militar que passou a carreira combatendo o tráfico de drogas e tenta que o filho abandone a vida no crime. Agora, Victor está com câncer, o que limita sua possibilidade de ação — e ele não consegue largar o cigarro, em um paralelo com o vício do filho em cocaína.
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Jasmin (Raquel Villar), a namorada do ladrão, está grávida, e ele quer mudar de vida para ficar com ela e a filha dos dois (na vida real, ele foi pai de um menino, também chamado Pedro, hoje com 19 anos). Mas, mas isso, precisa pagar sua dívida com Colibri (Murilo Sampaio), chefão da Rocinha, favela onde o bandido de clase média se esconde. Ela acaba se afastando para proteger a filha.
Já Kelly (Polliana Aleixo), companheira de Colibri, tenta seduzir Dom para escapar do domínio do traficante. Enquanto isso, Dom é perseguido pelo policial Ramalho (Renato Livera) e vira bode expiatório para a violência do Rio, enquanto autoridades e o tráfico (na figura do chefão Vavá, interpretado por Alámo Facó) fazem acordos em benefício próprio.
O sucesso da série, no entanto, não mudou o desfecho trágico da história do assaltante, morto em 15 de setembro de 2005, aos 23 anos, no playground de um prédio na Lagoa. Eram cerca de 4h da madrugada e havia acabado de furar, com o uso de uma granada, um cerco policial montado para prendê-lo na saída do túnel Rebouças.
Dom estava na garupa de uma moto, que chegou a ser atingida por disparos. Ele correu cerca de 500 metros e entrou no edifício, onde foi atingido por tiros de fuzil. A caminho do Hospital Miguel Couto, não resistiu aos ferimentos e morreu. O motoqueiro foi levado para a delegacia.
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Dom era um projeto do diretor Breno Silveira, que adaptou o livro homônimo de Tony Belotto e morreu em 2022, de infarto, no set do longa Dona Vitória. Silveira fez a primeira temporada, que estreou em 2021, e filmou a segunda, no mesmo ano, no Uruguai e na Amazônia.
A série estava em fase de pós-produção quando o diretor morreu, e sua equipe continuou com o trabalho. Adrian Teijido, que era o diretor de fotografia da obra, e Vellas assumiram, então, a direção. Os episódios da terceira temporada foram escritos por Fábio Mendes com os roteiristas Higia Ikeda, Priscila Gontijo e Marcelo Vindicatto.
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Além dos dramas que humanizam o personagem, a obra tem cenas de ação impressionantes, mas verossímeis. O sucesso da trama, que se tornou a série de língua não inglesa mais assistida da Netflix, abriu as portas para a carreira internacional de Gabriel Leone, que encarna o piloto espanhol Alfonso de Portago no longa Ferrari (2023), sobre a vida do criador da equipe de Fórmula 1. Ela volta a viver um piloto, aliás, como o protagonista da aguardada série Senna, da Netflix.
O projeto teve início quando o ex-policial Luiz Victor Dantas Lomba, pai de Dom na vida real, procurou Breno Silveira para contar a sua versão sobre a história do filho. Ele também foi atrás do músico e escritor Tony Bellotto, autor de outros romances policiais, a fim de transformar o relato em livro. Bellotto topou, com a condição de que pudesse acrescentar elementos ficcionais.
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O pai de Pedro Dom teve um único contato com a equipe de roteiristas, em 2009. Logo depois, descobriu um câncer, tendo morrido em 2018, portanto, antes da estreia da primeira temporada da bem-sucedida série. A mãe do assaltante, Nídia Sarmento (que na obra se chama Marisa e é interpretada na série por Laila Garin), e a irmã mais velha dele, Erika Grandinetti (na trama Laura, vivida por Mariana Cerrone), eram contra a adaptação da história.
Em 2021, Erika divulgou uma carta aberta em que afirma que sua mãe, que já estava separada de seu pai quando os diretos da história foram negociados, era contra os projetos. Ela também acusa Victor de ter sido uma pessoa violenta e diz que ele roubou a história de Nídia: “Quem acorrentou o filho de desespero foi ela, quem subia até a boca de fumo era ela, quem internou foi ela, e tudo o mais”, explifica.