Responsabilidade social: Celso Athayde conquista o Cariocas do Ano
À frente do Movimento Mães da Favela, o ativista ajudou mais de 13,5 milhões de pessoas afetadas pela fome durante a pandemia
Aos 58 anos, Celso Athayde não esperava ter de voltar a pedir comida. Nascido em uma favela da Baixada Fluminense, aos 6 anos ele foi viver com a mãe debaixo do Viaduto de Madureira e experimentou as asperezas da sobrevivência. “Quem pede comida é porque está no grau máximo da humilhação. Eu sei bem disso porque já pedi muito”, diz o fundador da Central Única de Favelas (Cufa), organização que, durante a pandemia, atuou na linha de frente amenizando os efeitos da Covid-19 em comunidades por todo o Brasil.
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Entre os projetos capitaneados por eles está o Mães da Favela, fundo solidário que, até novembro de 2021, havia arrecadado mais de 425 milhões de reais — montante convertido em cerca de 3,3 milhões de cestas básicas distribuídas a 13,5 milhões de pessoas em 5 000 favelas. “Focamos nas mulheres porque todos os indicadores mostram que elas são as mais vulneráveis: 34% perderam o emprego, muitas são mães-solo e chefes de família”, explica. “Não é o momento de fazer tese de mestrado sobre dar o peixe ou ensinar a pescar. Temos de jogar a boia e trazer as pessoas para dentro do navio”, afirma.
“Quem pede comida é porque está no grau máximo da humilhação. Eu sei bem disso porque já pedi muito”
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Sua cruzada contra as desigualdades vem de longe. Em 2015, ele deu a partida no Favela Holding, que hoje reúne 24 empresas (entre elas, uma agência de viagens e uma produtora de cinema e TV) responsáveis por dar sustentação econômica aos projetos sociais. Essa estrutura permitiu que pudessem trabalhar para suprir outras necessidades surgidas na pandemia.
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“Percebemos que muita gente não tinha dinheiro para comprar o gás para preparar a comida que vinha na cesta básica nem para pagar o aluguel ou remédios”, lembra. Assim vieram novas iniciativas, como o Alô Social, com parceiros como a Tim, que beneficia 2 milhões de mães com chip e wi-fi gratuitos para que elas possam empreender e garantir as condições de estudo para os filhos.
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O próximo passo é iniciar o Favela On, levando antenas de wi-fi para atender seis comunidades do Rio, entre elas a Rocinha. “A ONU diz que a conectividade é um bem da humanidade. E as favelas não podem ficar mais alijadas do que já estão”, prega, incansável.
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