Um guia afetivo pelo Rio gastronômico de Luiz Alfredo Garcia-Roza

Copacabana era o centro do mundo para Espinosa, personagem principal da obra do mestre da literatura policial, morto nesta quinta-feira, aos 84 anos

Por Cleo Guimarães
Atualizado em 16 abr 2020, 16h40 - Publicado em 16 abr 2020, 16h35
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Pavão azul: Pataniscas de bacalhau, chope e café bem em frente à 12 DP, em Copacabana (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)
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Quis o destino que os dois dos maiores nomes da literatura brasileira morressem com cerca de 24 horas de diferença. Menos de um dia depois de Rubem Fonseca, que sofreu um infarto aos 94 anos e partiu nesta quarta-feira (15), hoje, quinta, Luiz Alfredo Garcia-Roza, 84 anos, sofreu um acidente vascular cerebral e não resistiu. Hospitalizado há um ano por conta de uma doença neurológica, o autor lançou, de dentro do Samaritano, seu derradeiro livro, “A última mulher”, em julho do ano passado.

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O personagem central da obra de Garcia-Roza mais uma vez era o delegado Espinosa, uma antítese do estereótipo do homem da lei brasileiro: culto, ético e astuto observador do comportamento humano. Espinosa morava no Bairro Peixoto, “num prédio de três andares e janela francesa”,  e trabalhava na 12ª DP, na Rua Hilário de Gouveia, em Copacabana. Sua geografia particular era compreendida entre o Leme e Copa – com escapadelas para uns queijos e vinhos em Ipanema, onde a mulher, Irene, morava. VEJA RIO destaca abaixo alguns dos lugares preferidos de Espinosa (e de seu criador) na cidade, e suas predições gastronômicas. Em tempos de quarentena, este guia afetivo dos restaurantes e comidinhas traz também os contatos dos estabelecimentos que ambos costumavam frequentar.

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Baalbek – Espinosa era habitué do restaurante árabe da Galeria Menescal, aberto em 1959, um dos mais antigos e tradicionais da cidade. O arroz com lentilhas e cebolas fritas é sensacional, mas o delegado gostava mesmo era dos quibes e esfihas, que levava para casa e costumava congelar para comer depois. Às vezes, até no café da manhã.

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Endereço: R. Barata Ribeiro, 473   Pedidos: apenas pelo aplicativo iFood

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La Trattoria – Cantina italiana famosa pelo espaguete de camarões ao funghi tartufado, era onde o delegado costumava almoçar e jantar com frequência. Apesar de suas mesas próximas umas das outras, Espinosa costumava fazer por lá reuniões com os investigadores, e também levava macarrões para casa. Tanto Espinosa quanto Garcia-Roza sentavam-se sempre perto da janela (“Não pela vista, mas pela privacidade, ela é mais afastada das outras”, dizia o delegado) e não tinham prato predileto. Iam para comer massa.

Endereço:  R. Fernando Mendes, 7   Pedidos: 2255-3319 ou pelo aplicativo iFood.

Pavão Azul – Era no botequim em frente à 12ª DP, onde dava expediente, que o delegado costumava fazer lanches rápidos, parava para tomar um café, um chope, ou pedir uma porção de pataniscas de bacalhau, o carro-chefe da casa.

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Endereço: Rua Hilário de Gouvêia, 71 – Copacabana Pedidos: 2236-2381 ou pelo aplicativo iFood.

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Villarino – Inaugurado em 1953, o restaurante e delicatessen, famoso por ter sido o lugar onde Tom Jobim e Vinicius de Moraes se conheceram, era bastante frequentado por Garcia-Roza. O escritor morava no Flamengo, num apartamento com vista descomunal para a Baía de Guanabara, e pegava o metrô até a Cinelândia para chegar ao seu escritório, nas redondezas da sede da ABL. Almoçava quase todo os dias no Villarino, ali pertinho, e costumava optar pelo filé de frango à milanesa, “bem fininho”, com arroz e feijão.

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Endereço: Av. Calógeras, 6    ��Pedidos: 2240-1627

Galeto Sat’s – Espinosa frequentava a galeteria de Copacabana, mas na adaptação de “Uma janela em Copacabana”, dirigida em 2015 por José Henrique Fonseca (sim, o filho do homem) para o GNT, outra galeteria, na Rua Julio de Castilho, no Posto Seis, serviu de cenário – talvez por ser esteticamente mais interessante, com uma pegada retrô e bancos estofados vermelhos em volta de um balcão em formato de U.

Endereço:  R. Barata Ribeiro, 7    Pedidos: 2275-6197

 

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