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‘Live de Roberto Carlos foi quase perfeita’, diz biógrafo proibido

Paulo Cesar de Araújo: 'Foi admirável ele tomar posição a favor da ciência; só faltou uma música menos manjada no repertório'

Por Cleo Guimarães
Atualizado em 20 abr 2020, 17h24 - Publicado em 20 abr 2020, 17h15
Roberto Carlos: lucrativa (para ela) live de Ivete Sangalo pode ter incentivado o 'Rei' a seguir o exemplo (Youtube/Reprodução)
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Fiel às tradições, Roberto Carlos manteve alguns rituais na primeira live dos seus mais de 50 anos de carreira. O show, transmitido na noite desta segunda-feira (19), direto de seu estúdio na Urca, fez parte das comemorações pelos 79 anos do cantor, e foi visto por quase 1,5 milhão de fãs em seu canal no YouTube. Para Paulo Cesar de Araújo, autor de “Roberto Carlos em Detalhes”, a biografia censurada do “Rei”, a apresentação, ao lado do maestro Eduardo Lages e do tecladista Tutuca, foi “emocionante” e “quase perfeita”. Paulo Cesar conversou com VEJA RIO.

Paulo Cesar de Araujo
Paulo Cesar de Araujo: live de Roberto Carlos para comemorar os 79 anos foi quase perfeita (Companhia das Letras/Divulgação)

Como você avalia a primeira live da carreira de Roberto Carlos?
Como com ele tudo é muito ensaiado, tudo muito rígido, me parece que o Roberto não tem muita intimidade com este tipo de transmissão. Ele não estava muito à vontade, apesar de cantar no seu próprio estúdio. Mas isso não diminuiu em nada a impressionante afinação dele. Que voz absurda ele ainda tem. É um ponto a se destacar. Não é fácil chegar aos 79 anos cantando assim.

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O que achou do repertório?
Achei o roteiro apropriado para o contexto, apesar de sentir falta de alguma música que fugisse um pouco do repertório que ele canta nos especiais de fim de ano, como “As canções que você fez pra mim”. Não entendo por que ele nunca canta essa. Por tudo o que a gente está vivendo, achei acertada a escolha de “Nossa Senhora”, a mensagem de “É preciso saber viver”, o início com “Como é grande o meu amor por você”. Foi linda a homenagem à Itália, com “Canzone Per Te” (música com a qual ganhou o Festival de San Remo, na Itália, em 1968), num carinho ao povo italiano, que está sofrendo tanto com a pandemia.

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Mesmo com a mudança de formato, houve um certo respeito às tradições, não?
Ah, claro. Estamos falando de Roberto Carlos. Ele terminou com Jesus Cristo, como sempre, e incluiu uma música em homenagem a Maria Rita (a mulher do cantor, que morreu de câncer em 1999). Nem todo mundo percebe, mas em todo show ele canta pelo menos uma composição que fez para ela. Desta vez foi “Eu te amo tanto”. Parece que o tratamento contra o TOC não regrediu, tanto que Roberto falou a palavra “mal” em “É preciso saber viver”. Ao mesmo tempo, continua evitando falar o nome de doenças. Por isso não pronunciou as palavras pandemia, Covid-19 ou coronavírus quando lembrou da importância do uso da máscara e de ficar em casa.

Algo te surpreendeu nesta live?
Sim. Ele tomar posição pela ciência, pela vida, ter afirmado que usa a máscara antivírus o tempo todo. Fazer campanha pelo isolamento social. Isso foi surpreendente e admirável. E muito importante.

Que nota você daria para a apresentação?
Nota 8. Foi emocionante, quase perfeita, só senti falta mesmo de uma novidadezinha no repertório.

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