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‘Imagem chocante’, diz epidemiologista, sobre duas mil pessoas em luau

Para Roberto Medronho, festa pode impactar gravemente a saúde pública; José Temporão, ex-ministro da Saúde, vê 'falta de compromisso com o próximo'

Por Cleo Guimarães
16 nov 2020, 18h06
Arpoador lotado: aglomeração começou no metrô, na noite de sábado (Associação Viva Selva de Pedra/Reprodução)
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A movimentação na estação General Osório do metrô por volta da meia-noite deste domingo (14) dava pistas de que alguma coisa estava acontecendo por ali. Ao abrir as portas para o desembarque na estação de Ipanema, o que se viu foi aquela ‘revoada’ típica dos dias de carnaval: centenas de jovens, garrafas de bebida na mão, se acotovelavam para sair dos vagões e tinham um destino em comum – o Luau Bateu a Onda, na praia do Arpoador.

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Cena animada, não estivesse o Rio enfrentando a ameaça de mais uma onda de contaminação de Covid-19, com a média móvel de novos casos de coronavírus voltando a crescer, e a taxa de ocupação dos leitos de UTI próxima de seu limite. “Este episódio é uma síntese dos dilemas que a Covid-19 nos trouxe: a responsabilidade social e o interesse coletivo de um lado e, de outro, o individualismo e a falta de compromisso com o próximo”, diz o ex-ministro da Saúde José Temporão. “Não chega a ser uma surpresa mas choca por sabermos que isto poderá ter impactos na segurança e vida de muitas pessoas.”

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O epidemiologista Roberto Medronho, da UFRJ, também se diz chocado com as cenas que circularam pelas redes sociais. “É inadmissível um evento como este”, diz. Medronho lembra que os participantes da festa, jovens, não fazem parte do grupo de risco em sua maioria, mas podem “levar para casa” o vírus e acabar contaminando parentes, como pais e avós. “Eles, sim, podem evoluir para a forma mais grave da doença, mas parece que ninguém tem a menor preocupação com isso”.

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Mais de 1 700 internautas confirmaram presença na festa com antecedência pelo Facebook, e um número ainda maior, estimado em 2000 pessoas, dividiu espaço (95% delas, sem máscara) nas areias até o início da tarde de domingo (15). Dia das eleições municipais, diga-se de passagem.

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De acordo com a Prefeitura, os organizadores não tinham autorização para a realização do evento, mas isso não os impediu de já anunciar a intenção de uma nova edição, em data a ser divulgada. O Luau Bateu a Onda lotou a Praia do Arpoador no mesmo dia em que a Secretaria Estadual de Saúde do Rio registrou 326 956 casos e 21.294 óbitos por coronavírus. Na capital são 126 691 casos e 12 510 mortes.

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