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Crivella, agora preso, lançaria livro sobre o seu legado ainda este mês

Com a cidade em colapso, prefeito reuniu presencialmente todo o seu secretariado para definir o que entraria na edição, bancada com recursos públicos

Por Cleo Guimarães
22 dez 2020, 15h48
A imagem mostra o prefeito Marcelo Crivella fazendo um discurso, usando máscara de proteção
Marcelo Crivella: livro sobre sua gestão fazia parte dos planos mais imediatos do prefeito, afastado e preso nesta terça (22) (Prefeitura do Rio/Divulgação)
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Uma semana antes de ser preso – ou seja, na última terça, dia 15 de dezembro -,  o então prefeito do Rio, Marcelo Crivella, passou a maior parte do dia em reunião com todos os seus 15 secretários em uma sala fechada, no Palácio da Cidade. Motivo: definir com os titulares das pastas o conteúdo dos capítulos do livro sobre sua gestão que pretendia lançar, a toque de caixa e bancado com recursos públicos.

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Foram três dias consecutivos de reuniões (segunda, terça e quarta), em dois períodos. Nem todos os participantes dos encontros usavam máscara, e o desrespeito às “regras de ouro” tão propagandeadas pela prefeitura se deu em meio ao colapso no sistema de saúde da cidade – nesta mesma semana o Rio chegou a bater recorde nacional no número de mortos em decorrência do coronavírus.

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A agenda pouco usual causou estranhamento até nos secretários mais leais a Crivella, que não esconderam o desconforto com a situação. Alguns passaram mais de uma hora fazendo a apresentação de seu legado em Power Point, com frequentes interrupções e considerações do prefeito. A ideia de Crivella era lançar o livro em cerca de 15 dias, antes de passar o cargo ao seu sucessor, Eduardo Paes.

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Prefeito Marcello Crivella é preso na manhã desta terça (22)

A semana de reuniões para definição dos capítulos da obra auto-elogiosa, aliás, culminou com a assinatura de um decreto fora dos padrões. Na sexta (18), o prefeito decidiu mudar o nome de uma importante via de Campo Grande, a Estrada do Cabuçu. Com uma canetada, ela passou a se chamar Estrada Bispo Daniel Malafaia, em homenagem ao líder religioso da Assembleia de Deus, primo do Pastor Silas Malafaia.

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Morto por causa de complicações do coronavírus, Daniel, 69 anos, foi a única das (até então) 14 237 vítimas do coronavírus na cidade a merecer tamanha honraria. O prefeito eleito Eduardo Paes anunciou que vai anular o decreto – o Bispo Daniel Malafaia deve ser homenageado em outra parte da cidade.

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