Coronavírus: ‘Não somos culpados’, protestam donos de restaurantes
Limitação de horário decretada nesta quinta (4) gera revolta no setor; empresários dizem não ter como pagar os salários dos funcionários já na sexta (5)
Esta quinta, 4 de março, está sendo “o pior dia” para a gastronomia carioca desde o início da pandemia, segundo Fernando Blower, presidente do SindRio. A entidade representa 10 000 bares e restaurantes na cidade. Atingidos fortemente pelas novas medidas restritivas decretadas por Eduardo Paes – as empresas só poderão funcionar das 6h às 17h, com 40% de ocupação – eles foram à prefeitura protestar pessoalmente contra as decisões do prefeito e ainda divulgaram um comunicado assinado por Blower. Ele expõe as dificuldades pelas quais o setor vem passando e também pede a flexibilização das medidas. Leia a íntegra do texto:
‘Quase lockdown’: Paes decreta novas restrições para o Rio; saiba quais
“Os restaurantes do Rio de Janeiro amanheceram em seu pior dia desde o início da pandemia. Nos 12 meses de crise, sempre estivemos abertos ao diálogo e dispostos a colaborar com soluções junto ao Poder Público. Hoje, pela primeira vez, fomos pegos de surpresa. Sem aviso prévio ou prazo para adequação, severas restrições foram baixadas, inviabilizando o funcionamento de muitos negócios.
Fomos o setor que mais desempregou ao longo da pandemia na cidade. Dez por cento de todas as demissões em restaurantes no Brasil aconteceram na Cidade do Rio. Nesta sexta, 100 mil famílias correm o risco de não receber salários. Estoques cheios de alimentos perecíveis serão descartados. Depois de um ano de crise, as empresas do setor – 75% de pequeno porte – estão afundadas em dívidas e sem caixa para honrar com seus compromissos mais básicos.
Como representante de milhares de comerciantes que ainda sobrevivem a duras penas e querem acreditar no Rio, o SindRio espera que a Prefeitura tenha sensibilidade social e flexibilize o decreto o quanto antes, enquanto reafirmamos nosso compromisso com o respeito aos protocolos de segurança e à vida. Impactos imediatos das novas medidas restritivas:
– Não pagamento total ou parcial de folha salarial na sexta-feira a cerca de 100 mil pessoas;
– Estimativa de pelo menos mil demissões por semana, sobretudo de funcionários em contrato de experiência, que entraram com a retomada e não terão direito a Seguro Desemprego;
– Queda de faturamento na ordem de 80%;
– Interrupção imediata de pagamento de fornecedores e contas de consumo (gás, luz e água)
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