Testar cosméticos ainda pode? O que mudou? Um papo com a CEO da Sephora
Em entrevista a VEJA RIO, Andrea Orcioli fala sobre o mercado da beleza e conta como fica a interação cliente-produtos em tempos de pandemia
Lembra quando você ia a uma loja de cosméticos e experimentava blushes, batons e outras maquiagens? Tomara que lembre, porque depois da pandemia do coronavírus, esse é um hábito que deve ficar restrito à memória por um bom tempo. De março para cá, estabelecimentos especializados em produtos de beleza vêm passando por muitas transformações para se adaptar às recomendações da Organização Mundial da Saúde – a Sephora, gigante de produtos de beleza do mundo, que o diga.
Adquirida em 1997 pela LVMH Moët Henessy Louis Vuitton, maior conglomerado de luxo do planeta, a empresa teve que se adaptar rapidamente à nova ordem mundial, e é nessa nova pegada que inaugura dois pontos de venda no Rio (Rio Design Barra e Rio Design Leblon). Cariocas são um público muito específico nesta área e, para falar sobre esse panorama, VEJA RIO fez a seguinte entrevista com a CEO da Sephora no Brasil, Andrea Orcioli:
Como a pandemia influenciou o mercado de produtos de beleza no país? O cenário de pandemia fez com que as pessoas se conectassem ainda mais com rituais de autocuidado, que foram incorporados à rotina de forma espontânea, uma vez que os períodos de permanência em casa se tornaram mais extensos. A conexão com hábitos mais profundos despertou a autonomia nas pessoas, que também estão mais interessadas em gadgets para a execução de massagens e drenagens. O ‘faça você mesmo’ nunca esteve tão em evidência.
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Como fica o atendimento personalizado e a interação entre cliente e vendedor e a testagem de produtos, diante das recomendações da Organização Mundial da Saúde? A interação entre os funcionários e os clientes é uma característica forte do nosso modelo de serviço. Durante a pandemia, repensamos o protocolo de uso dos testers (produtos disponíveis para serem testados) em nossos pontos de venda, segundo as recomendações da OMS. Lançamos mão justamente dos recursos que nossos colaboradores podem oferecer ao público final. De uns tempos para cá, o uso dos testers e manuseio só pode ser realizado pelos funcionários.
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Como os funcionários fazem agora? Mantendo-se à distância do cliente, com as mãos já higienizadas, eles retiram amostras dos produtos com aplicadores de acetato, que são oferecidos ao cliente e descartados ao final do atendimento. O processo é realizado com segurança e permite que o cliente possa experimentar e conhecer melhor as texturas e acabamentos, sem ter contato direto com os produtos.
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Qual é o novo normal, para usar um clichê destes novos tempos, no mundo dos cosméticos? O novo normal indica que o conceito de beleza no mundo dos cosméticos está cada vez mais distante de seu sentido literal. Com a pandemia, a beleza passou a estar ainda mais atrelada à saúde e ao bem-estar e não somente a preceitos estéticos. O público vem cultivando um anseio por produtos de qualidade, que tragam autoestima aliada à vitalidade e está cada vez mais atento à transparência nos componentes e processos de produção dos produtos.
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Quando se fala em Rio de Janeiro, que tipo de produto é mais procurado por aqui? É correta a afirmação de que cariocas usam menos maquiagem do que em outras partes do país? Os consumidores cariocas, sem dúvida, demonstram avidez por uma beleza mais natural. Eles têm preferência por makes com acabamento mais suave e apostam em bases mais leves e em bronzeadores com partículas de brilho, para criar um efeito sun kissed. Em relação a São Paulo, a saída de protetores solares para rosto e corpo no Rio é maior por uma questão geográfica e climática. Produtos à prova d’água, como máscara de cílios, bases e batom também são muito procurados pelo público do Rio, que pratica muita atividade física e frequenta assiduamente as praias da cidade. Esse estilo de vida também desperta nas consumidoras a necessidade de se ter produtos para cabelos que sejam práticos e multifuncionais, para garantir a saúde dos fios.