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“Eu não poderia me tornar atriz hoje em dia”, diz Adriana Esteves

Longe das redes sociais, Adriana Esteves comenta os testes de elenco que exigem número de seguidores e abre o jogo sobre ansiedade, casamento e trabalho

Por Melina Dalboni
Atualizado em 8 dez 2021, 17h15 - Publicado em 19 nov 2021, 08h00

Mais uma vez, Adriana Esteves está participando do Emmy Internacional, agora com Amor de Mãe, que disputa o pódio de melhor novela do ano. Entre as quatro indicações acumuladas em sua carreira na Academia Internacional das Artes & Ciências Televisivas consta Avenida Brasil (2012), que a consagrou como uma das vilãs mais populares da TV brasileira.

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Lá se vão quase dez anos, e Carminha continua sendo lembrada, seja nas ruas, seja nas figurinhas mandadas via Whats­App. “Eu adoro receber. Pra mim, são como um aplauso do público”, admite Adriana, que pode ser vista nos cinemas em Marighella, dirigido pelo colega Wagner Moura. No longa-metragem brasileiro de maior bilheteria desde o início da pandemia, a atriz de 51 anos é Clara Charf, companheira do guerrilheiro.

Outra aparição nas telonas, em Medida Provisória, de Lázaro Ramos, já está marcada para janeiro de 2022, quando ela dará vida a mais um papel polêmico, uma burocrata racista e preconceituosa. Atuando em várias frentes, Adriana ainda tem planos para fazer uma nova série e regressar ao teatro junto do marido, o ator Vladimir Brichta, com quem está casada desde 2003.

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“Há quem ache enfadonho ser romântico, mas nós curtimos. Temos de escolher diariamente a pessoa que está ao nosso lado”, fala, na franca entrevista que concedeu a VEJA RIO.

Você está nos cinemas com Marighella, que foi rodado em 2017 e demorou a estrear após enfrentar uma série de entraves burocráticos nos órgãos federais. Houve censura? Tenho certeza de que o filme foi muito dificultado e houve vontade de massacrá-lo. Nos dias de hoje, considero uma vitória a estreia de Marighella nos cinemas do Brasil todo.

Você interpreta Clara Charf, a viúva do “inimigo número 1 da ditadura militar”. O que o papel lhe ensinou? O lugar da minha personagem é o do amor, não só pelo marido, mas pelo país. Ela era uma militante política, ativista pelos direitos das mulheres, e apoiou Marighella, vivendo situações muito difíceis.

Chegou a conhecê-la pessoalmente? Sim, durante as pesquisas para o filme. Ela está com 96 anos e até hoje fala de Marighella com os olhos brilhando. É o grande amor de sua vida, e eu adoro contar histórias assim. O início da minha carreira, antes das Carminhas e Thelmas, foi todo com papéis românticos.

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Considera-se também romântica? Eu e o Vlad curtimos essa brincadeira de ser romântico, de ser namorado um do outro. Às vezes os meninos passam pelo corredor e nos veem no chamego, de mãos dadas. Tem gente que acha isso enfadonho, chato. A gente ama.

Um casamento duradouro precisa disso? Pra mim, sim. Eu tive parcerias, amores e casamentos incríveis. Fico em constante vigília. Temos de escolher diariamente a pessoa que está ao nosso lado.

Seu ex-marido Marco Ricca contraiu Covid-19 e ficou em estado grave. Como foi enfrentar esse período? Se você tem empatia, já sofre o suficiente ao ver a dor e o luto dos outros. De repente, estávamos passando por isso dentro de casa, com o pai do meu filho mais velho entubado no hospital. Achamos que ele ia morrer. Foi horrível.

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“Marighella foi muito dificultado e houve vontade de massacrá-lo. Nos dias de hoje, considero uma vitória a estreia do filme”

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A pandemia acentuou a ocorrência de transtornos mentais. Conseguiu manter a cabeça saudável? Sou muito ansiosa e me cuido para nunca mais passar pelo que passei no início dos anos 90, quando sofri de depressão. Tinha 22 anos, havia acabado de gravar Renascer e entendi as críticas à personagem como um massacre a mim. Demorei uns dois, três anos para sair desse processo. Em 1995, eu renasci após a depressão. Como a ciência já provou, o exercício é fundamental. Hoje busco fazer umas vezes por semana e, na pandemia, comecei a praticar ioga e meditação.

A terapia também ajudou? Com certeza. Faço isso há dezesseis anos. Nunca faltei, nem mesmo com a Carminha fervendo. O mais importante é que as pessoas que estejam em depressão peçam ajuda e falem o que estão sentindo.

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Você vai fazer 52 anos em dezembro. Acha que está melhor agora do que aos 20? Olha, a cabecinha certamente está (risos).

A exemplo de Wagner Moura e Lázaro Ramos, que estão es­trean­do na direção de cinema, também tem vontade de trabalhar atrás das câmeras? A princípio, levantar um projeto sozinha não me anima. Mas gosto muito de todas as funções do cinema. É artesanal, tem um tempo perfeito de trabalho. No caso de Marighella, eu falei para o Wagner: “Estou junto, seja onde for”. Entraria feliz na produção ou numa assistência de direção.

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Que lembranças a novela Amor de Mãe, que está concorrendo ao Emmy, deixa? Quando voltamos a gravar, após seis meses parados, não tinha vacina e estávamos vendo um número gigantesco de contaminação e mortes. Deu muito medo. Eu era uma das atrizes que não queriam voltar. Trabalhamos num momento dificílimo, mas foi ótimo conseguir terminar a novela.

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Por que não está nas redes sociais, ao contrário da maioria de seus colegas? Não tenho vontade de dedicar minha vida a isso. Eu me conheço, não me faria bem. Aumentaria minha ansiedade e poderia dar asas a um lado narcísico que não me interessa incentivar. Mas sempre posso mudar de ideia (risos).

O que acha daqueles testes de elenco que exigem que os atores tenham no mínimo 10 000 seguidores? Dá vontade de rir, é absurdo um pré-requisito desses. Isso não é mentira, não?

Não, inclusive os anúncios são divulgados nas próprias redes sociais das produções. Bom, então eu não poderia entrar para a carreira de atriz hoje em dia. Não tenho nem Instagram.

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