Binelli-Ferman-Isaac Trio
Resenha por Carol Zappa
Herdeiro musical de Astor Piazzolla (1921-1992), o argentino Daniel Binelli (bandoneón), 69 anos, tinha 17 quando interpretou uma composição do mestre em um concurso de TV. Intrigado com o talento do jovem, o autor quis conhecê-lo, dando início a uma amizade e a uma parceria que se estenderam até o fim dos anos 80: Binelli participou do vanguardista e derradeiro sexteto de Piazzolla em uma turnê internacional. Antes disso, integrou por catorze anos, desde 1968, a orquestra do portenho Osvaldo Pugliese (1905-1995), figura emblemática na história do tango. Conhecido pela experimentação no gênero, o virtuose do bandoneón embarcou em outras frutíferas parcerias. Em 2004, reuniu-se com a pianista uruguaia Polly Ferman e o conterrâneo violonista Eduardo Isaac, com os quais já havia estabelecido duos bem-sucedidos. O trio, que esteve no Rio em 2012, volta à cidade para duas apresentações na série Sala Jazz Verão, da Sala Cecília Meireles. No palco, os músicos promovem uma viagem por vertentes do tango. O repertório, em boa parte saído do aclamado CD New Tango Vision (2006), do trio, contempla de clássicos da velha guarda, como El Choclo, obra-prima do precursor Ángel Villoldo, a composições mais recentes do próprio Binelli e de outros jovens tangueros. Piazzolla marca presença com temas emblemáticos, a exemplo de Libertango e Oblivion.