Ana Beatriz Nogueira fala sobre Um Pai (Puzzle)
Nova peça da atriz é baseada em livro da filha do psicanalista Jacques Lacan
Como você chegou ao livro de Sibylle Lacan (1940-2013) que deu origem à peça?
Em 2009, eu estava no consultório do meu terapeuta quando me chamou a atenção um livro na estante dele. Aquele título me fisgou. O psicólogo disse que não era mais editado no Brasil havia anos, mas me emprestou. Fiquei encantada pela história sobre a relação entre uma filha e seu pai e quis levar o texto para mais gente. Apesar de ser uma história muito pessoal, seu alcance é amplo, todo mundo pode se identificar de alguma forma.
Foi difícil transpor o texto para o palco?
Acho que escolhi a dedo o texto mais difícil de memorizar, porque é muito fragmentado. O trabalho do Evaldo Mocarzel (autor da adaptação) foi fundamental, até porque a Sibylle só vendeu os direitos depois de analisar o nosso texto. Ela consentiu que algumas partes fossem suprimidas, mas não queria que acrescentássemos nada. E foi respeitada.
Qual é a importância da terapia na sua vida?
Entre idas e vindas, faço terapia desde os 17 anos e adoro. Para mim, depois de tanto tempo, é menos para entender quem eu sou e mais para saber o que eu faço diante de certas situações. É um momento em que você tem toda a liberdade de dizer o que quer, sem nenhuma preocupação em ser julgado. Em que outro lugar você pode fazer isso senão no consultório do terapeuta? É um luxo.