Músicos cariocas ampliam seu público em meio às lives de nomes consagrados
Jovens, esses artistas, antes restritos a fiéis seguidores, atraem plateia com suas apresentações pocket em plena quarentena
Lives se tornaram a maior diversão na quarentena. Há opções de shows transmitidos on-line para todos os gostos musicais e para todos os públicos, dos 3,3 milhões de acessos simultâneos de Marília Mendonça às bem menos numerosas, mas não menos engajadas plateias de pocket lives de jovens artistas cariocas.
O cantor Lucca Fortuna diz estar animado com esse formato de apresentação, e muito ativo: faz até cinco lives por semana, e nunca menos de três, desde o início da quarentena. “Eu canto, troco uma ideia com as pessoas que estão me assistindo, interajo muito. Chamo outros artistas para participar, e acaba que o público desse artista me conhece e o meu público conhece esse artista”, conta Lucca. Guardadas as devidas proporções, a rotina, que o levou ao patamar de 6 000 seguidores no Instagram, lembra a do maior fenômeno das lives: a cantora Teresa Cristina, que todas as noites recebe convidados para homenagear compositores e revisitar seus 20 anos de carreira, amealhando 276 000 seguidores.
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“As pessoas estão dando outro significado para a música, para o entretenimento. Isso acaba favorecendo todos os artistas, de grande, médio e pequeno porte, que talvez não ganhariam tanta atenção em um ambiente ao vivo como nas lives. É um grande momento para produzir conteúdo e mostrar o nosso trabalho”, acredita Mariah Marini, cantora e compositora carioca de 23 anos, que está em temporada com “Casaokê” no Instagram. No projeto, a artista, que começou carreira em 2017 e tem mais de 10 000 ouvintes mensais na plataforma Spotify, recebe seguidores para cantar junto seu repertório de pop e funk sobre romance, empoderamento e, claro, o Rio. E lançou um clipe inédito de sua canção mais famosa, “Pra Lá e Prá Cá”.
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A cantora e compositora carioca Tainá Seabra, de 21 anos, também aposta nas pocket lives. Novas composições são lançadas ao vivo nessas transmissões, que também contam com a interação assídua do seu público: “Os meus fãs parecem estar muito mais próximos, mais animados”, conta Tainá, que um ano após se lançar profissionalmente, com a música “Eu quero saber’’ ampliou seu público durante a quarentena cantando na varanda de seu apartamento, num condomínio na Taquara, Zona Oeste do Rio. Conquistou fãs entre os vizinhos e passou de 10 300 seguidores no Instagram e 690 ouvintes mensais no Spotify. “Foi uma live em que pude alcançar um público bem diverso, que nunca havia atingido antes. Mais de 1 300 pessoas passaram pela transmissão, e 150 sem sair”, celebra. “Mas admito que sinto falta das apresentações em saraus, dos shows e dos meus amigos”, completa a artista, que usa o Facetime e o Whatsapp para compor com seus parceiros.
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Iniciantes na música, os jovens sabem bem como ir aonde o público está: nas redes: “Estar nos stories, colocar sempre uma caixinha de perguntas, trazendo esse público mais para perto, respondendo no direct, por vídeo, é uma maneira muito boa de me aproximar do meu público’’, receita Tainá. Mariah passou a fazer lives em forma de entrevista, respondendo ao vivo a perguntas do público: “Temos que buscar dentro dessa superlotação de lives coisas que interessem ao público, sem repetir muito do mesmo, e reforçar o que pode ser um diferencial”.
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Lucca reforça o papel das lives nesta quarentena, para grandes ou pequenos públicos: “As lives são um combo de muita coisa boa neste momento. A relação é direta entre as pessoas que estão querendo usufruir do entretenimento, pois ninguém vive sem arte’’.
Esther Brito*, estudante de Jornalismo da PUC-Rio, sob supervisão de professores da universidade e revisão da Veja Rio
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