Tempos modernos
O conflito entre desejo e culpa presente na peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, permanece atual, como se pode ver na montagem em cartaz no Sesc Ginástico
Encenado pela primeira vez em 1943, Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues (1912-1980), é considerado o marco inaugural da modernidade no teatro brasileiro. Mesmo sem provocar o escândalo de outrora, o conflito entre desejo e culpa presente no cerne deste clássico drama permanece atual, como se pode ver na montagem em cartaz no Sesc Ginástico. Andreza Bittencourt vive a protagonista Alaíde (à direita na foto, ao lado de Rita Elmôr e Patricia Pinho), jovem que é atropelada logo na primeira cena. Fiel ao original, a história se passa em três planos: o da realidade, que traz a moça entre a vida e a morte no hospital; o da memória, no qual ela relembra seu conflito com a irmã Lúcia (Rita), de quem tomou o namorado, Pedro (José Karini); e o da alucinação, quando imagina um encontro com a cafetina Madame Clessi (Patricia). Não se pode acusar a carregada direção de Renato Carrera de falta de personalidade, mas há aqui uma aparente opção por abolir os meios-tons e amplificar tudo, do ritmo da montagem ao estilo das atuações. Mesmo para um texto que se entrega com gosto ao melodrama, a fruição sai um tanto prejudicada.
✪✪ Vestido de Noiva (95min). 18 anos. Estreou em 22/2/2013. Teatro Sesc Ginástico (513 lugares). Avenida Graça Aranha, 187, Centro, ☎ 2279-4027. → Quinta a domingo, 19h. R$ 20,00. Bilheteria: a partir das 13h (qui. a dom.). Até domingo (31).