Muito barulho por nada
Véspera, tragicomédia no Teatro Maison de France, atira em várias direções e acerta em confusão
AVALIAÇÃO ✪
Em 1969, Leilah Assumpção estreou na dramaturgia com o sucesso Fala Baixo Senão Eu Grito. Estrelada por Marília Pêra, no papel de uma solteirona frustrada, a peça foi agraciada com o Molière. Nos anos seguintes, a autora assinaria outros acertos, como Roda Cor de Roda (1975) e Adorável Desgraçada (1994). Em boa parte de suas obras, caso das três citadas, as atenções são voltadas para a mulher, seus conflitos e angústias. Este mote, de certa forma, se repete em Véspera, segundo texto de Camila Appel, filha de Leilah, em cartaz no Teatro Maison de France.
No centro da ação está Eva (Cris Nicolotti), mulher de temperamento inconstante. Ela lamenta a ausência do filho, que mora no exterior e não virá para a ceia de Natal. Na casa estão ainda o pai, Paulo (Tadeu Di Pyetro), a filha (Silvia Lourenço) e a empregada Tita (Juçara Morais). A certa altura, um misterioso apagão desliga não só a energia elétrica, mas também os aparelhos eletrônicos movidos a bateria. O blecaute, de proporções mundiais, dá origem a grupos revoltosos ? e um vizinho, Dalton (Rafael Maia), aparece como um pretenso líder dessa nova ordem. A premissa inicial, em si meio absurda, mas pelo menos bem delineada, acaba descambando para uma confusão de ideias, com várias situações apresentadas de maneira apressada e dispersa. No fim, as cenas apontam para tantas direções que ficamos sem saber sobre o que, de fato, é a história. Com um texto disparatado em mãos, o diretor Hudson Senna sucumbe ao desafio de atingir alguma unidade cênica. Cris Nicolotti se destaca no elenco correto, mas que navega a esmo na trama.
Véspera (60min). 14 anos. Estreou em 4/9/2012. Teatro Maison de France (352 lugares). Avenida Presidente Antônio Carlos, 58, Centro, ☎ 2544-2533. Terça e quarta, 19h30. R$ 30,00. Bilheteria: a partir das 14h (ter. e qua.). IC. Estac. c/manobr. (R$ 10,00). Até 31 de outubro.