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Não conte para ninguém

A festa Segredo, que deveria ser intimista, virou um dos mais concorridos embalos da cidade

Por Carla Knoplech
Atualizado em 5 jun 2017, 14h57 - Publicado em 24 jun 2011, 16h37
Fotos Tatiana Duarte/Divulgação
Fotos Tatiana Duarte/Divulgação (Redação Veja rio/)
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Se já é complicado manter sigilo entre três pessoas, imagine, então, em uma rede social. Foi com essa aura enigmática que ganhou corpo a festa Segredo, responsável por arrastar mais de 2?000 pessoas a um casarão em Laranjeiras no Dia dos Namorados, com fila que dava a volta no quarteirão. Idealizado no fim do ano passado pelo DJ Dodô Azevedo, o embalo se propunha a ser uma atração intimista, reunindo apenas os conhecidos mais chegados do disc-jóquei, acostumado a tocar para grandes plateias, como ocorreu no último réveillon na Praia de Copacabana. “Sentia falta de ver meus amigos nas pistas, que estavam sempre lotadas”, justifica. Daí ele decidiu organizar um encontro para sua patota e fez o convite pelo Facebook, acompanhado do pedido de “Não espalha”. Para quê! Ainda que involuntariamente, foi uma tremenda jogada de marketing. Se seu intuito era promover um evento mais reservado, o tiro saiu pela culatra. O mistério acabou aguçando a curiosidade geral e a primeira edição contou com a presença de 250 baladeiros. Nem todos, é claro, tinham ligação estreita com o DJ. De lá para cá, o assédio aumentou a ponto de Dodô ter de limitar o acesso a 300 pessoas por vez. Alguns ficam à espera por toda a madrugada.

Tatiana Duarte/Divulgação
Tatiana Duarte/Divulgação ()

Não é fácil conquistar uma posição de destaque na concorrida noite carioca, com trilhas sonoras para agradar aos variados gostos. O Bailinho, a mais bem-sucedida iniciativa nesse terreno nos últimos tempos, ganhou notoriedade graças aos inventivos sets musicais, à caprichada cenografia e à presença assídua de famosos, a exemplo de Luana Piovani. Já a Segredo aposta em suas próprias bossas, como um quadro no qual é possível deixar bilhetinhos, usado por muitos como um correio do amor. Na sexta (17), o ingresso (50 reais o preço cheio e 30 para quem tinha o nome na lista) incluía maçã do amor caramelizada com bebidas destiladas e, só para elas, massagem feita por massoterapeutas profissionais no fim da noite. Mas o que atrai a moçada são duas pistas de dança. Na do 1º andar, alternam-se DJs de outras festas conhecidas, como a Modinha e a Bizarra, e chama atenção no ambiente um telão com projeções de vídeos nada usuais, até mesmo alguns pornôs. Na parte de cima, o dono da balada é soberano, tocando soul e black music, na voz de Aretha Franklin, Jackson Five e outros. “Não conheço o Dodô, mas me sinto como se estivesse na casa de um amigo”, relata a estudante de psicologia Daniela Pereira, 24 anos. Como forma de despistar, o organizador evita a coincidência de datas e só tem avisado o dia da próxima festa em cima da hora. “Vivemos em um mundo onde tudo está escondido”, diz ele. “Foi só fazer um pouco de segredo que as pessoas começaram a valorizar.” Fala baixo, Dodô.

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