Ao mestre, com carinho: tributos tomam conta da programação musical carioca
Em meio a onda nostálgica, shows que rendem homenagem a grandes artistas de todos os tempos lotam as principais casas de espetáculos da cidade
De tempos em tempos, uma nova onda nostálgica reaviva épocas que trazem à mente boas lembranças — e isso nunca passa despercebido pelos atentos olhos do mercado, pronto para saciar as necessidades humanas que vêm e vão. E dá-lhe produtos envoltos em saudosismo — das meias dancin’ days ao Atari, desembarcando nos remakes de novelas e filmes, tão em voga nos dias de hoje.
Pois a indústria da música e do entretenimento também está afinada com a mania de revisitar o passado, o que se revela na profusão de tributos a grandes artistas de outras eras, que têm como palco importantes casas de shows da cidade (veja abaixo). “A maioria desses espetáculos vem alcançando ótimas bilheterias, com um público que tem tanto pessoas mais velhas, que já curtiram aquele som, como jovens que nunca tiveram a chance de ver esses ídolos de perto”, diz Bernardo Amaral, sócio do Qualistage, na Barra, que recebe o Dire Straits Legacy e o Supertramp Experience, ambos homenagens a bandas que emergiram nos anos 1970.
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O leque de espaços que apostam no formato é amplo — Vivo Rio, Blue Note e os teatros Casa Grande, Adolpho Bloch e Claro Mais estão no rol, assim como os festivais de música. O Doce Maravilha apresenta, em sua edição de 2024, em maio, os shows Letrux Canta: O Último Romântico, com repertório do disco de 1987 de Lulu Santos, e Donato Imperial: Orquestra Imperial, Donatinho & Marcos Valle, em homenagem a João Donato. No ano passado, o evento trouxe Los Sebosos Postizos (projeto paralelo da Nação Zumbi) tocando o repertório de Jorge Ben Jor e a Orquestra Imperial rendendo tributo a Rita Lee.
Baixista e dono da Setlist Produções, Rafael Garrafa, que acompanha músicos como Leo Jaime e Hyldon, criou exibições temáticas para o mercado corporativo. Não raro, elas vão parar na programação de locais prestigiados, encabeçadas por bandas como a Go Black, trio que reverencia nomes como Amy Winehouse, Stevie Wonder e a emblemática gravadora americana Motown, em geral no Blue Note. “Junta a vontade da banda de homenagear os artistas de que gosta com o desejo do público de ver músicos que não têm previsão para vir ao Brasil ou já morreram”, conta o baixista.
Com um empurrão das inovações tecnológicas, muitas dessas produções mergulham para valer no tempo para desencavar a atmosfera das apresentações originais, sobretudo os espetáculos de maior envergadura, que frequentemente engatam em turnês internacionais. Foi o caso do Elvis Experience, que tomou o palco do Qualistage em fevereiro. É preciso muita pesquisa para recriar arranjos, cenários e figurinos que fizeram história em grandiosas apresentações lá atrás, às vezes com direito a orquestra, balé e efeitos visuais.
“É uma experiência incrível proporcionada pela indústria criativa em conjunto: audiovisual, inovação, música, entretenimento”, diz Leonardo Edde, presidente do Conselho de Indústria Criativa da Firjan. “Você viaja num túnel do tempo”, conclui. Com os céleres avanços do século XXI, a tendência é que hologramas e inteligência artificial entrem cada vez mais em cena, promovendo experiências verdadeiramente inesquecíveis.
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Direto do túnel do tempo
Apresentações dedicadas a grandes nomes da música
Pixinguinha Como Nunca
Dirigido pelo ator e cantor Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha, o espetáculo em cartaz no Rival Petrobras em 25 de abril traz ainda composições inéditas do gênio do choro.
Wonderland
Os sucessos de Stevie Wonder são reinterpretados pelo trio Go Black, formado por Rik Oliveira (vocais e guitarra), Rafael Garrafa (baixo) e Marcos Feijão (bateria), no Blue Note, na noite de 25 de abril.
Beatles X Stones
De Hey Jude a Satisfaction, de Here Comes the Sun a Start Me Up, de Let It Be a Angry, a Black Monkees entoa clássicos das duas bandas icônicas no Blue Note, em Copacabana, no dia 27 de abril.
Próxima Estação — Homenagem aos Artistas do Clube da Esquina
O tributo é feito pelo Trem Mineiro, composto de Luiz Ventura, Julio Zartos, André Gonçalves, Cyro Telles e Matheus Forli, no Blue Note, em 26 de abril.
Opera Queen
Com Cassiano Carvalho (vocal), Danilo Breda (guitarra), Antonio Carlos Mendes (baixo), Renato Reish (bateria), é atração do Teatro Riachuelo em 7 de maio, com repertório dedicado à banda britânica de rock.
Call The Police
Formado pelo guitarrista inglês Andy Summers (ex-The Police), pelo baixista Rodrigo Santos (ex-Barão Vermelho) e pelo baterista João Barone (Os Paralamas do Sucesso), o trio revive o legado das três bandas no Vivo Rio, em 2 de agosto.
Supertramp Experience
Programado para 7 de setembro no Qualistage, o tributo recria em quase duas horas, e de forma fidedigna, o show da banda inglesa de rock formada em 1969 por Rick Davies.
Doce Maravilha
A edição de 2024 do festival, que acontece no Jockey Club em maio, tem os shows Letrux Canta: O Último Romântico e Donato Imperial: Orquestra Imperial, Donatinho & Marcos Valle, este último uma homenagem a João Donato.
Ana Cañas Canta Belchior
A turnê do show nascido em uma live durante a pandemia e que percorreu 150 palcos pelo Brasil atraindo mais de 100 000 espectadores chega ao fim em 26 de maio, no Vivo Rio.
Dire Straits Legacy
O grupo, que tem em sua formação músicos que integraram a banda inglesa em diferentes fases (Alan Clark no teclado, Phil Palmer na guitarra e voz, e Mel Collins no sax), sobe ao palco do Qualistage em 26 de abril.
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