Três perguntas para Otávio Augusto, em cartaz na peça A Tropa
Espetáculo está de volta no Teatro PetraGold. Em cena, o ator é um ex-militar, viúvo e pai de quatro filhos, que recebe a visita deles no hospital
O espetáculo passeia por cinquenta anos da história do Brasil, e sua carreira tem ainda mais que isso, sessenta. É possível traçar um paralelo entre sua trajetória e a do país? Sim, sobretudo no teatro, que é uma arte de presença, um espelho da realidade. As peças que a gente encenava tinham sempre uma relação direta com o momento político e cultural do país. Na época do golpe militar, fazíamos espetáculos de protesto, contra a ditadura e o autoritarismo, como as montagens irreverentes do Teatro Oficina.
Você viveu papéis cômicos emblemáticos, como o Matoso de Vamp. Sente-se desafiado quando participa de um drama? Na verdade, me sinto realmente desafiado quando faço comédia, que é um gênero muito mais difícil. O drama exige um exercício mais interior, enquanto a comédia é uma questão de precisão de ritmo, intuição, inteligência cênica e, às vezes, até de sorte.
A Tropa estreou em 2016. De que forma acredita que ela se relaciona com nossa realidade atual? A peça aborda pensamentos ainda vigentes na sociedade porque o Brasil anda em círculos. No Brasil nada mudou. Se mudou, mudou para pior. Já vivi muito e posso afirmar que este atual governo de destruição é um dos mais angustiantes, assim como os anos de ditadura militar e o governo Collor.
Teatro PetraGold. Rua Conde de Bernadote, 26, Leblon. → Sex, 20h30. R$ 35,00 a R$ 70,00. Ingressos pelo https://www.sympla.com.br. Até 26 de agosto.
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