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Show do calouro

Neto de Silvio Santos, o jovem ator Tiago Abravanel exibe vozeirão e físico sob medida para encarnar Tim Maia em musical sobre a vida do cantor

Por Carlos Henrique Braz
Atualizado em 5 jun 2017, 14h54 - Publicado em 29 jul 2011, 13h47
Paula Kossatz
Paula Kossatz (Redação Veja rio/)
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Os musicais levados aos palcos cariocas dividem-se em duas correntes. Uma delas reúne versões grandiosas para clássicos internacionais do gênero, uma seara na qual se destaca a dupla Charles Möeller e Claudio Botelho. A outra busca recuperar canções ou artistas genuinamente nacionais, como foi o caso das marchinhas e de ídolos de um amplo arco cronológico, de Orlando Silva a Renato Russo. Faz parte dessa vertente um dos espetáculos mais aguardados da temporada, por abordar um artista sobejamente talentoso e pivô de episódios impagáveis. Tim Maia ? Vale Tudo, o Musical tem estreia programada para a próxima sexta (5) no Teatro Carlos Gomes. No papel-título está um jovem ator que desperta expectativa graças ao inconfundível sobrenome. O paulista Tiago Abravanel é neto do apresentador de TV e empresário Silvio Santos (sua mãe é Cíntia, filha do primeiro casamento de SS). Para convencer como o intérprete de Azul da Cor do Mar, ele dispõe de dois atributos imperativos: tem uma voz arrasa-quarteirão e pesa 115 quilos, compleição bem de acordo com a do personagem homenageado. “Adorei a voz dele, limpa e com uma técnica muito trabalhada”, afirma o jornalista Nelson Motta, autor da biografia do astro e do texto da montagem. “Às vezes, fecho os olhos nos ensaios e visualizo o Tim.”

Aos 23 anos de idade e seis de carreira, Tiago tem sua curta trajetória profissional associada a produções musicais. As duas de maior destaque foram Miss Saigon e Hairspray. Seu currículo exibe ainda uma breve passagem pela TV do avô, com quem mantém uma relação afetuosa, sem, no entanto, ser aquela coisa melíflua de “família em anúncio de margarina”. Em junho, ele deixou o papel de um guerrilheiro na novela Amor e Revolução para poder se dedicar exclusivamente ao novo musical. Antes, em 2007, havia recusado um papel numa trama do mesmo SBT. “Não estava me sentindo preparado e saí fora. Afinal, a minha vidraça é sempre maior que a dos outros atores”, enfatiza. Na própria empreitada atual, ele encontrou resistência na equipe, por não ser mulato como o protagonista. “Foi o produtor Sandro Chaim quem me bancou, pois ele conhecia meu desempenho em Hairspray”, diz, referindo-se ao realizador das duas peças.

Antonio Nery
Antonio Nery ()

Cada trabalho tem sido de fato uma provação para Tiago, devido à eterna desconfiança de favorecimento em razão da ascendência poderosa. Para conquistar o papel principal de Vale Tudo, por exemplo, ele teve de superar vinte candidatos nos testes. Vencida a primeira etapa, partiu para outros desafios. Fã de Tim Maia, do tipo que cantava seus sucessos no chuveiro, o jovem passou a ver obcecadamente vídeos do ídolo, com o intuito de pegar seus trejeitos e modo de falar. De um mês para cá, tem ficado sete horas por dia, salvo aos domingos, ensaiando no Teatro Poeirinha, em Botafogo.

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Marcos Rosa
Marcos Rosa ()

Biografias de grandes cantores do país têm sido adaptadas com sucesso nos palcos e cinemas. O ator Daniel de Oliveira mimetizou perfeitamente Cazuza nas telas, assim como Tuca Andrada emocionou ao interpretar Orlando Silva e Bruce Gomlevsky exibiu incrível verossimilhança com o roqueiro Renato Russo, em duas elogiadas montagens. São boas referências para Vale Tudo, que retrata a vida de Tim Maia dos 12 aos 55 anos, da infância pobre passada na Tijuca até o período da fama. A narrativa inclui a iniciação musical do cantor, suas primeiras bandas ? Tijucanos do Ritmo, The Sputniks e The Snakes ? e a partida em 1959 para os Estados Unidos, de onde saiu deportado quatro anos depois. Em cena, outros dez atores encarnam Elis Regina, Roberto Carlos e demais personagens da trama. Uma banda de seis músicos apoia a execução de onze temas, entre eles Do Leme ao Pontal e Não Quero Dinheiro. “Tiago é um achado. Fiquei muito impressionado desde sua audição”, aplaude o diretor João Fonseca. “Além do mais, onde encontraria um ator com a voz semelhante à do Tim e de quase 120 quilos?” Difícil dizer, mas certamente poucos pensariam na família Abravanel.

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