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Theatro Municipal ganha um novo rumo

Emilio Kalil, presidente da fundação Cidade das Artes, acumula o posto de Conselho Curador do Theatro Municipal: seu novo desafio é montar a programação dos dois palcos

Por Pedro Moraes
Atualizado em 5 dez 2016, 12h18 - Publicado em 17 mar 2015, 19h58
Emilio Kalil
Emilio Kalil (Renata Ursaia/)
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1 – O senhor aceitou o convite para o Conselho Curador do Municipal. Como fará para conciliar o trabalho com suas funções à frente da Cidade das Artes?

Minha função no Municipal é ajudar o maestro Isaac Karabtchevsky (presidente da instituição) com a programação. Para me dividir, será simples: vou combinar minha agenda com a dele. Daqui a uns dias, vamos nomear os demais membros do conselho. O maestro ouvirá e será ouvido.

2 – O maestro já afirmou que atualmente o Municipal está sem uma programação montada. Como solucionar o problema?

A troca de governo sempre cria essa situação. Como o teatro é público, fazemos uma proposta orçamentária e só sabemos se ela será aprovada no início do ano seguinte. O que fizemos até agora foi analisar a atual agenda do tea­tro, casando-a com a de solistas e maestros.

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3 – Como o senhor avalia a administração anterior?

Na direção de Carla Camurati, além do restauro do prédio do teatro, teve início a construção da nova central técnica, que está quase pronta, na Zona Portuária. Antes, ficava em Inhaúma. Cada teste de roupa ou cenário levava horas. Agora, não mais.

4 – Como ocorreu com outros órgãos públicos, o Municipal sofreu cortes no orçamento. Como a instituição está se adequando a essa realidade?

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Precisamos efetuar cortes de pelo menos 30%. Temos de fazer o melhor possível. Quando se vai montar um espetáculo, pode-se gastar 5 milhões ou 500 000 reais. O importante é dançar bem, tocar bem.

5 – O orçamento para a área artística do Municipal é de 3 milhões de reais. Existem planos de buscar patrocínio?

O governo está trabalhando para que empresas apoiem os projetos. Já temos até perspectivas positivas. É claro que, se há um presidente de banco na plateia, procuramos conversar com ele para que nos ajude.

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“Sem disciplina, nada funciona. Sou centralizador, mas trabalho com minha equipe de forma muito familiar. Minha vida é trabalho, mas não sofro”

6 – Em 2016, por causa da Olimpíada, o Rio perderá temporariamente o HSBC Arena, o Maracanãzinho e o Sambódromo como palcos. Acredita que a Cidade das Artes e o Municipal poderão mudar o perfil de sua programação nesse período? 

Uma casa não tem de ter perfil, mas qualidade. Samba não é pior do que música clássica. O maestro Isaac já indicou que quer abrir a programação do teatro. 

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7 – Cidade das Artes e Municipal são complementares ou concorrentes?

Não existe concorrência, as duas casas têm de se complementar. Na hora em que o balé ou a orquestra do Municipal estiverem disponíveis, quero que vão se apresentar na Barra. Isso já devia ter sido feito há bastante tempo e não depende de nada além de boa vontade.

8 – Qual é o maior entrave à  administração de centros culturais públicos?

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A falta de continuidade administrativa e política. Não se pode trocar toda a administração porque foi trocado o governo. Na Ópera de Paris, o diretor é nomeado dois anos antes de assumir. Durante esse período, ele trabalha junto com o que ocupa o cargo para não haver um buraco na administração. 

9 – Em sua opinião, o que ainda falta à Cidade das Artes?

Não temos os três cinemas planejados nem o restaurante-escola. Falta orçamento. Mas eu não desisto.

10 – De que forma o senhor se define como administrador?

Sem disciplina, nada funciona. Sou centralizador, mas trabalho com minha equipe de modo muito familiar. Sou bastante disciplinado e exijo que todos tenham a mesma disciplina que eu. Minha vida é trabalho, mas não sofro.

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