Teatro carioca: três peças celebram centenário de Clarice Lispector
Escritora que nasceu na Ucrânia, mas se considerava brasileiríssima, será celebrada durante todo o ano de 2020
Apesar de ter nascido na Ucrânia, Clarice Lispector se considerava brasileiríssima. Em 2020, comemora-se o centenário da escritora, uma das mais célebres de todos os tempos. Sua obra foi traduzida para mais de dez idiomas, inclusive o japonês. Duas peças em cartaz no Rio têm a inventividade de Clarice como ponto de partida.
Missa para Clarice – Um Espetáculo Sobre o Homem e Seu Deus. Dirigida por Eduardo Wotzik, que também atua no espetáculo, a montagem remete a um culto em que o espectador é convidado a participar a cada momento. Tendo a obra de Clarice Lispector como matéria-prima, a peça faz uma reflexão sobre dois sistemas extraordinários para suportar a realidade: a religião e a arte. A montagem já passou por várias cidades do Brasil e foi elogiada por Fernanda Montenegro, que afirmou que a ideia é “diabolicamente extraordinária”. Teatro Maison de France. Avenida Presidente Antonio Carlos, 58, Centro. Sextas e sábados, 20h. Domingos, 18h. R$ 60,00 a R$ 70,00. Até 5 de abril.
Ao Redor da Mesa, com Clarice Lispector. O texto é da professora da PUC-Rio Clarisse Fukelman, que juntou mais de 30 anos de pesquisa, publicações no Brasil e exterior e adaptações da escritora. Isso tudo resultou numa proposta ousada, que perpassa toda a obra da escritora. A história se passa no início dos anos 60, quando uma escritora (Gisela de Castro) recebe a inesperada visita dela mesma (Ester Jablonski), vinte anos mais velha. Estreia em 5 de março. Mezanino do Sesc Copacabana. Rua Domingos Ferreira, 160, Copacabana. Quinta a domingo, 20h. R$ 30,00. Até 29 de março.
A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa. A célebre obra da escritora ganha versão musical com composições de Chico César e arranjos de Marcelo Caldi. André Paes Leme assina a direção. A atriz Laila Garin é Macabéa. Claudia Ventura e Claudio Gabriel completam o elenco. A Hora da Estrela foi o último livro escrito por Clarice, que faleceu pouco tempo após o seu lançamento. Suas páginas narram a saga de Macabéa, imigrante nordestina cuja vida no Rio de Janeiro é marcada pela ausência de afeto e poesia. Vista pela sociedade como uma mulher desprovida de qualquer atrativo, ela se contenta com uma existência medíocre. CCBB. Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Estreia em 5 de março. Quinta e sexta, 20h. Sábado e domingo, 19h. R$ 30,00. Até 10 de maio. Não haverá espetáculo nos dias 27, 28 e 29 de março.