ARRUDA, Victor (Imagens em Dissenso). Quando completou 60 anos, Victor Arruda escreveu aos amigos. Agradecia aos que haviam permanecido a seu lado, pedia desculpas a outros possivelmente ofendidos e confessava, com certo pesar, que se livrara dos vícios, mas permanecia pintando. A carta inusitada foi publicada no obituário do jornal O Globo. Uma década depois, o manuscrito original e o anúncio fúnebre de mentirinha reaparecem juntos em alentada mostra no Museu de Arte Moderna, montada para celebrar os 70 anos do artista. Os 100 trabalhos reunidos têm em comum o despudor na abordagem de temas como morte, desencontros, tabus sexuais (a exposição é proibida a menores de 18 anos desacompanhados) e abuso de poder. Pitadas de humor amenizam o peso da crítica e enriquecem o passeio por uma exposição exuberante. Além de tocar em questões (feridas?) bastante atuais, Arruda reverencia a história da arte, indicando influências como Tarsila do Amaral e René Magritte. Museu de Arte Moderna. Avenida Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo. Terça a sexta, 12h às 18h; sábado e domingo, 11h às 18h. R$ 14,00. Grátis às quartas. Até 17 de junho.