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Os Saltimbancos

Duas versões de Os Saltimbancos se encontram em cartaz na cidade. Ambas valem a pena. A primeira tem a direção de Cacá Mourthé e segue à risca o libreto de Chico Buarque para o conto dos irmãos Grimm Os Músicos de Bremen. A peça, que estreou em 2011, no Oi Casa Grande, volta agora no […]

Por fernanda
Atualizado em 25 fev 2017, 18h29 - Publicado em 1 nov 2014, 00h00
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    Duas versões de Os Saltimbancos se encontram em cartaz na cidade. Ambas valem a pena.
    A primeira tem a direção de Cacá Mourthé e segue à risca o libreto de Chico Buarque para o conto dos irmãos Grimm Os Músicos de Bremen.
    A peça, que estreou em 2011, no Oi Casa Grande, volta agora no Theatro Net Rio. A sala do velho Terezão tem dimensões clássicas, não é nem grande nem pequena, um espaço onde a delicadeza da direção e o talento dos quatro atores saltam à vista.
    A impagável galinha de Bianca Byington, o sábio vozeirão do jumento de Pedro Lima, a ansiedade servil do cachorro de José Mauro Brant e a gata roqueira de Carol Futuro deixam as crianças hipnotizadas e levam os adultos a esconder as lágrimas.
    Eu, pelo menos, não aguentei ouvir as canções que escutei na infância sem abrir um berreiro discreto. Que falta Chico Buarque faz ao teatro. Faço, aqui, um pedido pessoal ao  gênio, para que aproveite a onda de musicais e se interesse novamente pela ribalta. Ninguém merece a longa ausência.
    Do outro lado do túnel, na monumental Cidade das Artes, Renato Aragão pisa pela primeira vez em um palco e arranca gargalhadas e mais chororô de quem se dispõe a vê-lo.
    O musical, dirigido pela dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, é uma superprodução de encher a vista. Os números musicais são lindíssimos, misturando circo e dança, com figurinos de Beto Carramanhos e coreografia impecável de Alonso Barros. É uma montagem grandiosa que mostra quanto o Brasil caminhou no domínio de um gênero complexo como o dos musicais.
    Baseado no filme Os Saltimbancos Trapalhões, o espetáculo se vale das mesmas composições de Chico para narrar uma história um pouco diferente. Nela, os artistas explorados pelo dono de um circo montam o manuscrito perdido dos irmãos Grimm sobre os quatro bichos cantores e vencem a opressão do patrão.
    O espetáculo de Cacá Mourthé pode ser visto como complemento do de Möeller e Botelho, já que apenas o número da Gata é apresentado na sua forma original. As outras canções servem para contar a história dos próprios artistas, em especial, e, de maneira metalinguística, a de Renato Aragão, Dedé Santana e Roberto Guilherme.
    Ver os remanescentes dos Trapalhões de mãos dadas, cantando “ao meu lado há um amigo que é preciso proteger”, remete de imediato à própria trajetória deles, aos anos de parceria na TV Globo, à origem circense e ao fato de estarem juntos, ali, naquele palco nobre, cercados de uma montagem à altura da história de vida dos três.
    A economia de Renato Aragão, o tom sempre sutil, doce e irreverente com que solta as piadas, os improvisos trapalhônicos usando Dedé de escada, a humildade chapliniana e a petulância com que enfrenta o velho Sargento Bigode de Roberto Guilherme são a expressão de um artista que nunca abandonou sua origem de circo. Aragão sabe tudo.
    A cena final em que, sozinho, é rodeado pelo som de um espetáculo com a plateia cheia é um achado de direção memorável. Uma grande homenagem ao nosso maior palhaço.
    Aconselho assistir às duas montagens com as crianças, ou mesmo sem elas, porque vale tanto para adultos quanto para os imberbes. Primeiro a de Cacá e depois a de Charles e Claudio. Uma completa a outra.
    Finalmente, sugiro que enviem, aqui, para a coluna, um abaixo-assinado para Chico Buarque, implorando a volta do poeta aos musicais.

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