“Nunca antes fomos tão roubados”, diz Roger, do Ultraje a Rigor
Em entrevista após show, cantor pede a saída da presidente Dilma Rousseff e acusa o PT de aparelhamento do Estado
Depois do CPM 22, foi a vez de Roger, vocalista da banda Ultraje a Rigor, protestar contra a presidente Dilma Rousseff no Rock in Rio. O cantor ao subir no palco com uma camisa estampando uma frase do sucesso Inútil. Em entrevista à VEJA RIO após a apresentação da banda com Erasmo Carlos, no Palco Sunset, Roger acusou o governo de aparelhamento do Estado e cobrou uma atitude maior da população.
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- A camisa é uma frase da música “Inútil”. Mas também é uma forma de protesto?
– Não queria falar nada durante o show porque o clima é de alegria, mas não podia deixar de marcar minha posição. Nunca antes nada história desse país fomos tão roubados. E não sou só eu que acho, 93% da população concorda.
- O Eduardo Cunha (presidente da Câmara) foi vaiado na Área VIP. Você acha que isso é um reflexo do descontentamento da população?
Com certeza. Alguns usam o argumento de “ah, mas sai um entra outro”, mas sai um, vamos experimentar outro. Ou vamos mudar o sistema, porque é um sistema viciado já. Não só na política mas na educação. A gente não tem a ideia de que no fundo deveria ser mais ou menos como administrar uma casa. O que é bom pra gente? Isso, aquilo e aquilo, então vamos fazer. Não é só esperar cair do céu e se isentar de culpa. Desde o começo quando eu escrevi inútil, essa é a ideia no fundo, a gente larga mão e depois não tem muito o que reclamar.
- E o que podemos fazer agora?
Primeiro tirar o pessoal do poder porque eles aparelharam o Estado inteiro, a justiça. O cara pode fazer o que ele quiser e depois o juiz libera. Só tem a imunidade de roubar e ninguém consegue tirar os caras de lá. Por enquanto é fazer muita pressão popular, ir à rua e tal. Mas tem outros métodos, através do Ministério Público, mostrar que isso não serve pra nós. As leis vêm de cima há muitos anos, e leis que estão na cara que estão roubando. Coloca extintor, tira extintor. Não temos essa noção de que os caras são os nossos empregados, são escolhidos para fazer o que a gente quer e não o contrário.
- Mas se a Dilma sair pode entrar o Cunha…
Mas resolve porque tira a aparelhagem. Eles estão em todos os lugares, mandam na justiça, no congresso. O PMDB é a p… de todo mundo, mas pelo menos ficam aquelas caras neutros ali e na próxima eleição a gente vê o que faz. Podemos continuar pressionando. O PT xinga quem não gosta deles de fascista e coxinha, isso é uma tática de desvalorizar todo mundo, mas eu peitei essa coisa e ao sair do armário nisso, vi que muita gente concorda. A gente aprendeu na ditadura que temos uma obrigação moral de se posicionar já que tínhamos acesso a imprensa. Eu podia ficar em cima do muro, mas não, eu quero mostrar, não é só para fazer cartaz. Me perguntam porque eu não mudo para os Estados Unidos. Porque eu sou brasileiro, eu quero ficar aqui e que aqui fique bom.