Mais de 40 anos depois, Ney Matogrosso volta a cantar no Morro da Urca
"Tenho muitas recordações boas", diz artista, que se apresenta neste sábado (2) no Tim Music Noites Cariocas
Em 1976, Ney Matogrosso lançou o disco Bandido, o segundo de sua carreira solo. O show consagrou o artista e é considerado um dos mais ousados de sua carreira, com direito a um strip-tease ao som da música Boneca Cobiçada, de Biá e Bolinha. Mais de quarenta anos depois, o cantor volta a pegar o bondinho para se apresentar no mítico cartão-postal, este sábado (2), no Tim Music Noites Cariocas.
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Ney guarda lembranças de quando esteve lá como atração, em 1977, mas também como público. “Tenho muitas recordações boas do Morro da Urca. Tenho de eu trabalhando lá e dos carnavais do Guilherme Araújo (diretor musical do Bandido e empresário, morto em 2007), também lá”, conta Ney. “O show que eu mais lembro de ter feito foi lá o Bandido. Era um pátio aberto, redondo, todo mundo solto, andando por ali tudo”, descreve.
No livro Morro da Urca: Estação da Música (ed. Lacre), o jornalista Antonio Carlos Miguel conta que foi em 1977 que a Concha Verde — anfiteatro inaugurado em 1972 — começou a ser usada para apresentações musicais. Hermeto Pascoal estreou o palco, dentro da série Quem Sabe, Sobe, idealizada pelo compositor David Tygel. Naquele ano, aconteceram 64 shows, reunindo 50 mil pagantes. Entre eles, o de Ney.
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Aliás, foi assistindo a espetáculos de artistas empresariados por ele naquele cenário (como o do o próprio Ney e Caetano Veloso) que Araújo teve a ideia de fazer um baile carnavalesco no lugar. O primeiro Sugar Loaf Carnival teve as presença ilustres de Elton John, Rod Stewart e Peter Frampton. O evento abriu a folia carioca por quinze anos. Ele também realizaria memoráveis Réveillons e festas de São João por lá.
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Em 1978, Nelson Motta abriu no Morro da Urca uma nova encarnação da boate Dancin’ Days (a primeira funcionou no Shopping da Gávea, em 1976). Em 1980, ele lançou o Noites Cariocas, hoje Tim Music Noites Cariocas, que ajudou a impulsionar a carreira de nomes como Titãs e Paralamas, então iniciantes (reeditado em 2004 por Alexandre Accioly e Luiz Calainho). Foi lá que Cazuza subiu ao palco pela primeira vez, substituindo um dos Miquinhos Amestrados.
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Para Ney Matogrosso, voltar a ser apresentar nesse cenário será um momento especial. “O lugar é muito interessante, tem uma magia. É numa das pedras do Pão de Açúcar, na pedra da Urca, que é no caminho para o céu”, diverte-se ele. Embora não veja a hora de se apresentar por lá, ele admite que sente um frio na barriga ao pensar na subida de bondinho. “Sei que é loucura da cabeça, mas confesso que não fico tão tranquilo”, diz, para em seguida dar uma gargalhada.
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O artista leva para o festival a turnê do disco Bloco na Rua (2019), que inclui músicas como Jardins da Babilônia, de Rita Lee, Tua Cantiga, de Chico Buarque, A Maçã, de Raul Seixas, e, é claro, Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua, de Sérgio Sampaio, entre outras.
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Ele explica que, apesar de ter um álbum mais recente, Nu Com a Minha Música (2021), não pretende sair em turnê com o repertório do trabalho. “Quando gravei o disco, não tinha intenção de fazer show. Ele foi para me ocupar naquela hora de terror, para me tirar do terror da pandemia e das mortes. Tanto que eu estou com quatro bandas tocando comigo na gravação. Ele é um registro de um momento especifico na nossa vida”, resume.
Morro da Urca: Av. Pasteur, 520, Urca. 1º e 8 de abril, 22h. 2 e 9 de abril, 23h. R$ 132,00 a R$ 348,00. Ingressos pelo https://www.ingresse.com.
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