Museu do Pontal exibe mostra do pernambucano J. Borges, morto aos 88 anos
Com mais de 200 obras, é a maior exposição já realizada em torno da obra do artista, considerado o mestre da xilogravura brasileira
A obra de J. Borges, mestre da xilogravura brasileira, poeta e cordelista pernambucano, que morreu na manhã desta sexta (26), pode ser vista pelos cariocas no Museu do Pontal, que atualmente abriga a maior exposição já realizada em torno da obra do artista.
Com curadoria de Angela Mascelani e Lucas Van de Beuque, J. Borges — O Sol do Sertão conta mais de 200 peças produzidas pelo artista nos últimos 60 anos, entre xilogravuras, matrizes e cordéis de sua autoria, além de vídeos criados pelo museu especialmente para a mostra.
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José Francisco Borges nasceu em 1935, em Bezerros, no Agreste de Pernambuco, tendo vivido toda a sua vida na cidade, onde morreu, aos 88 anos. Começou a produzir xilogravuras em 1964, para ilustrar o segundo cordel de sua autoria, O Verdadeiro Aviso de Frei Damião Sobre os Castigos que Vêm, e não parou mais.
Embora tenha seguido com as duas artes, foi com a xilogravura que se notabilizou. Seus trabalhos giram em torno do cotidiano e tradições do Nordeste, ilustrando Lampião, Padre Cícero, a seca, as festas, os bares, os animais, a política e personagens fantásticas, como a mula sem cabeça, entre outros.
A partir de sua amizade com o multi-artista Ariano Suassuna, na década de 70, J. Borges ganhou mais projeção. Ilustrou livros de autores importantes, como o português José Saramago, o espanhol Miguel de Cervantes e o uruguaio Eduardo Galeano (nesse caso, a convite do próprio). Ganhou diversos prêmios e condecorações, nacionais e internacionais e, em 2005, foi declarado Patrimônio Vivo de Pernambuco.
Borges chegou a ter sua presença anunciada na abertura da mostra no Museu do Pontal, em 29 de junho, mas depois sua participação foi cancelada. Segundo familiares, o pernambucano foi internado há duas semanas por problemas no pulmão e coração, mas recebeu alta. Ele morreu em casa, nesta sexta (26), por volta das 6h.
Avenida Celia Ribeiro da Silva Mendes, 3.300, Barra. Qui. a dom., 10h/18h (última entrada para as exposições às 17h30). Grátis a R$ 20,00 (contribuição sugerida). Ingressos pelo Sympla. O museu conta com vans gratuitas para levar o público, saindo do metrô Jardim Oceânico (Acesso A – Lagoa) e do estacionamento do terminal de ônibus Alvorada.
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