Máquina de sucessos, Cello Macedo abre no Rio a Casa Camolese
Criador de negócios como Devassa e Vezpa Pizzas, o empreendedor dedica-se ao ousado projeto de 11 milhões de reais
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No mundo empresarial, existe uma categoria especial de homens de negócios chamados de empreendedores seriais. Trata-se de pessoas com gosto pela aventura e talento para criar e impulsionar empresas, passar o bastão e partir para novos projetos. O paulistano Cello Camolese Macedo, de 52 anos, radicado no Rio há dezoito, pode ser considerado um deles. Sua lista de bem-sucedidas investidas em solo carioca inclui Zazá Bistrô, 00, Devassa e Vezpa. Em meio ao vácuo econômico em que se encontra a cidade, Cello prepara-se para dar vida a seu projeto mais ambicioso: a Casa Camolese. Após três anos de obras, entraves burocráticos e um investimento de 11 milhões de reais, o charmoso espaço de 870 metros quadrados no Jockey Club que reúne restaurante, bar, delicatessen, cafeteria, brewpub e clube de jazz, batizado com seu sobrenome, abre as portas oficialmente na quinta, 7 (até lá, o lugar funciona em soft opening, somente sob reserva). “Não me considero um empresário. O que vem antes é o que me move: a ideia, a concepção, o cuidado em cada detalhe”, garante.
Aspirante a músico, o jovem de classe média de São Paulo largou os estudos aos 19 anos para tentar a vida como guitarrista em Londres. Montou uma banda e divertia-se fazendo bicos em bares para se sustentar e aperfeiçoar o inglês – de lavador de pratos passou a garçom e bartender. “Adorava o contato com as pessoas e com a música, fui percebendo que minha praia era outra”, conta. Na volta à capital paulista, terminou a faculdade de Comunicação e, paralelamente à criação de trilhas para cinema e publicidade, montou um bar na Vila Madalena em 1990, o Jungle. O hobby vingou: mais tarde veio o Brancaleone e, em 1999, o Grazie Dio, casa com um pequeno palco onde se apresentaram nomes como Marcelo Jeneci, Céu e Tulipa Ruiz em início de carreira. No mesmo ano, Cello mudou-se para o Rio com a mulher, a carioca Isabela Piereck – a Zazá, comandante do restaurante em Ipanema batizado com seu apelido, a primeira empreitada do marido por aqui. Em 2000, ele abriu o 00, no Planetário da Gávea, misto de restaurante e boate de decoração e cozinha contemporâneas, rapidamente transformado em concorrido point noturno. Inquieto, desbravou os mares até então pouco navegados da cerveja artesanal no Rio e fundou com o sócio Marcelo do Rio (dos extintos Caroline Café e Melt) a cervejaria Devassa, que deu origem a uma rede de bares. Com a venda da marca para a Schincariol em 2007, e dos botecos dois anos depois, a dupla decidiu investir no ramo das redondas. “A Vezpa já surgiu como business”, diz Cello, que continua como sócio da franquia, hoje com dezoito unidades, mas longe da operação.
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Desde 2009, Cello acalentava planos de juntar tudo de que gostava em um só local. O difícil era achar um ponto no Rio em que coubesse a ideia. Os planos foram adiados até que, em 2014, apareceu o espaço perfeito, na antiga Vila Portugal, no Jockey. Com a entrada de três sócios investidores, entre eles o artista plástico Vik Muniz, o lugar, que era só ruínas e lama, foi ganhando forma m meio a contratempos como estouros no orçamento e embargos de obra. “Quero que seja extraordinário mesmo, não esperava que fosse fácil”, diz.
Por trás da fachada tombada e restaurada, o projeto de Bel Lobo revela a imponência da construção, com pé-direito de 8 metros, cercada por paredes de vidro e tijolos originais. Com a precisão de um maestro, Cello rege a brigada de 97 funcionários e cuida de cada detalhe, da trilha sonora ao cardápio. No salão para 180 pessoas, a cozinha aberta e a deli dividem espaço com a cafeteria e o elegante bar de coquetelaria, outra paixão do proprietário, a cargo de Thiago Politi (ex-Brigite’s e Felice). Os itens de charcutaria, queijos e pães de fermentação natural (em parceria com a premiada Slow Bakery), até os bitters que realçam os drinques, são feitos lá mesmo ou por pequenos produtores. Instalada no mezanino, a microcervejaria, que consumiu boa parte do investimento, conta com cinco rótulos próprios iniciais, criados com a mestre-cervejeira Kátia Jorge, além de edições limitadas, colaborativas e convidadas. A partir de janeiro, um grande jardim vai abrigar mesas coletivas e eventos como Junta Local. Até março, deve começa a funcionar no subsolo o Manouche, clube com programação voltada para o circuito independente e experimental, que terá curadoria de amigos como a atriz Fernanda Torres e a artista plástica Adriana Varejão.
Apesar das altas cifras, Cello compromete-se a manter preços equilibrados — o prato mais caro do menu, um atum grelhado com tomate, avocado e mussarela de búfala, custa 70 reais. “Admiro a coragem dele de abrir um lugar como esse em plena crise. Quem dera tivéssemos mais Cellos em nosso setor”, exalta o presidente do SindRio, Pedro de Lamare. Para o empresário, não se trata de bravura: “sou um otimista, acho que se houver solução vai estar na ação. Espero contribuir com um novo ânimo, a cidade se alimenta disso”.
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– (Arte/Veja Rio)