Sonhando com um dia de “dona Helena”? Saiba o que fazer no Leblon
Da praia à galeria de arte, da trilha no Morro Dois Irmãos aos bares tradicionais, veja dez dicas sobre esse que é um dos bairros mais charmosos do Rio
Cenário frequente das novelas de Manoel Carlos, o Leblon é um dos bairros mais famosos do país. Geralmente associado a sofisticação (afinal, ali fica o metro quadrado mais caro do Brasil, 22 544 reais, em 2023), tem opções para todos os bolsos.
Acessível de metrô e ônibus, inspiração de canções (de Adriana Calcanhotto a Chico Buarque, de Tom Jobim a Fagner, passando por Marina Lima, foram muitos os grandes nomes da nossa música que cantaram o lugar), cartão-postal do Rio (e do Brasil), não é à toa que o bairro atrai um grande número de turistas ao longo do ano.
O Leblon também fez história por seus bares: foi ali que o termo “baixo”, como sinônimo de uma concentração de bares, surgiu, na década de 70. O nome Baixo Leblon era um contraponto à rua Timóteo da Costa e adjacências, que de fato ficam no alto.
Da praia à galeria de arte, da trilha no Morro Dois Irmãos os bares mais tradicionais da região, passando por teatros, casa de shows, cinema, shoppings e opções gastronômicas para todas as horas do dia, veja dez dicas sobre esse que é um dos bairros mais charmosos do Rio.
1. Praia e Mirante do Leblon
Não há como pensar no Leblon sem pensar na praia do bairro. Com 1,3 quilômetro de comprimento e vista para o Morro Dois Irmãos, é mais vazia do que a vizinha Ipanema, uma ótima pedida para curtir a praia com mais tranquilidade. Na altura da rua General Venâncio Flores, está o Baixo Bebê, um parquinho em plena areia da praia, com diversos brinquedos e cercado. No verão, a calçada em frente costuma ficar lotada de carrinhos de bebê. Ao lado do quiosque, há um fraldário. No fim da praia, fica o Mirante do Leblon (oficialmente rebatizado de Mirante Hans Stern), de onde se pode ver toda a orla de Ipanema e Leblon.
2. Teatros
O bairro conta com dois teatros bastante tradicionais. O Casa Grande (Av. Afrânio de Melo Franco, 290-A) surgiu em 1966 como um café, mas o sucesso foi tão grande que, dois anos depois, se transformou em um teatro. Durante a ditadura, o regime militar tentou fechar o local, mas a classe artística resistiu e conseguiu salvá-lo. O lugar foi espaço de momentos importantes da história do país: lá, aconteceu o primeiro ato em favor da anistia no Rio e a primeira reunião do movimento Diretas Já. Durante o processo de redemocratização do país, o Teatro Casa Grande foi escolhido como local para a assinatura do fim da censura no Brasil, ficando marcado como um símbolo nacional que Tancredo Neves batizou de Território Livre da Democracia no Brasil. O nome está estampado até hoje no salão principal do lugar. Outro palco importante do bairro é o Teatro Café Pequeno (Avenida Ataulfo de Paiva, 269), que hoje é gerido pela prefeitura do Rio. Fundado em 1968 com o nome Teatro de Bolso, tem 90 lugares e um clima aconchegante de café-bar.
3. Cafés
O Leblon é um cenário perfeito para um café da manhã (ou da tarde) caprichado, como os que aparecem nas novelas de Manoel Carlos. O bairro tem ótimas opções, como o tradicional Talho Capixaba (Avenida Ataulfo de Paiva, 1022), cuja primeira loja foi no bairro, aberta em 1958 na rua Venâncio Flores, como um açougue. Aos poucos, começou a servir empadinhas para os clientes, ainda de pé. Em 1992, se mudou para o atual endereço. Mas foi em 2000 que ganhou a cara que tem hoje, quando Beto Abrantes, filho do dono, voltou de um curso na França e começou a apostar na padaria com fermentação natural. Hoje, a casa oferece 25 tipos de pães com fornadas diárias, além de doces, biscoitos e outras opções. O bairro acaba de ganhar uma filial da Absurda (Rua Conde de Bernadotte, 26), a premiada confeitaria comandada pelo chef confeiteiro Henrique Rosanelli, que também conta com um disputado café da manhã. E outra ótima pedida é o Zazá Bistrô Café, com lojas na Livraria da Travessa, no Shopping Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290, loja 205-A) e no Rio Design Leblon (Avenida Ataulfo de Paiva, 270), de Zazá Piereck, que servem brunch o dia inteiro.
4. Restaurantes e Rua Dias Ferreira
O Leblon tem uma rua famosa por reunir bons restaurantes, a badalada Dias Ferreira, que tem opções para os mais diversos gostos. São pedidas como o Sushi Leblon (Rua Dias Ferreira, 25), o japonês preferido dos famosos; o CT Boucherie (Rua Dias Ferreira, 636), casa de carnes da família Troisgros, comandado por Thomas Troisgros; o Celeiro (Rua Dias Ferreira, 199), de culinária saudável, há mais de quarenta anos por ali, e o novato Canastra Leblon (Rua Dias Ferreira, 64), com vinho nacional a bons preços e culinária de inspiração asiática. De tempos em tempos, os donos das casas da rua organizam eventos ao ar livre, com barracas na frente dos estabelecimentos vendendo comida. Mas o bairro possui ótimos restaurantes em suas outras ruas, é claro. Um exemplo é o Oro Restaurante (Avenida General San Martin, 889), comandado pelo chef Felipe Bronze, um dos poucos no país a ter sido agraciado com duas estrelas no prestigiado Guia Michelin. Outro é o Mesa do Lado (Rua Conde Bernadotte, 26), de Claude Troisgros, uma experiência que funciona como um espetáculo, com direção de Batman Zavareze, com música e projeções inspiradas na vida do chef francês, e jantar para apenas doze pessoas, com duração de 2h20. Vizinhos a ele (e com valores mais acessíveis), estão o francês Chez Claude, também do chef, com uma cozinha aberta, no meio do salão, e o italiano Cantina do Claude, inspirado na avó materna do francês, que era italiana.
5. Parque do Penhasco Dois Irmãos
Inaugurado em 1992, o parque conta com mais de 39 hectares de muita natureza, com vistas panorâmicas para a cidade. Ao todo, ele tem quatro mirantes, de onde podem ser avistadas as praias do Leblon e Ipanema, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Arpoador, o bairro do Jardim Botânico e o Cristo Redentor. No terceiro mirante, onde fica a sede do parque, famílias e grupos de amigos costumam fazer piqueniques. A entrada no lugar é gratuita e pode ser feita de carro (e há locais para estacionar). O funcionamento é de terça a domingo, das 8h às 17h. Não há lanchonetes no local.
6. Bares
A região entre a Avenida Ataulfo de Paiva, a rua Dias Ferreira e a rua Aristides Espínola é conhecida como Baixo Leblon. O nome surgiu nos anos 70, em contraponto ao Alto Leblon (a Rua Timóteo da Costa e adjacências). Ali, havia (e até hoje existe) um grande burburinho boêmio, frequentado por nomes como Cazuza, Bebel Gilberto e os jornalistas do Pasquim. Um dos bares que resistem ao tempo é o Jobi (Avenida Ataulfo de Paiva, 1166), que desde 1956 é um point nas madrugadas do bairro, famoso pelo chope e os petiscos de inspiração portuguesa, na melhor tradição botequeira carioca. Pequeno, vive com a calçada lotada. Mas os bons botecos se espalham por todo o Leblon, e outra ótima pedida é o também tradicional Bracarense (Rua José Linhares, 85), por ali desde 1961. O bar é famoso pelos seus bolinhos, como o de aipim com camarão. Desde 1985 no bairro, a Academia da Cachaça (Rua Conde de Bernadotte, 26) — que funciona no local onde foi o primeiro restaurante de Claude Troisgros no Brasil, o Roanne — foi pioneira ao apostar no valor da bebida nacional que dá nome à casa. São mais de cem rótulos. Por ali, foi criada uma receita que hoje é sucesso nacional: o escondidinho. E, embora não seja um bar, a tradicional Padaria Rio Lisboa (Avenida Ataulfo de Paiva, 1030, Leblon), fundada em 1943, merece figurar junto a outros espaços boêmios, já que tem funcionamento 24 horas e é a salvação de muitos esfomeados na madrugada.
7. Galerias de arte
Os fãs das artes visuais também podem ser felizes no Leblon. O bairro conta com galerias como a recém-aberta Flexa (Rua Dias Ferreira, 21). Atualmente, está em cartaz a mostra Rio: A Medida da Terra, que homenageia a cidade e reúne obras de cerca de 40 artistas, com mais de um século de produção artística brasileira, desde os pioneiros até os contemporâneos. Outra galeria do lugar é a Lurixs (Rua Dias Ferreira, 175/405), na mesma rua. Atualmente, a casa está sem exposição em cartaz, e as visitas devem ser feitas sob agendamento.
8. Shoppings
Bater perna, fazer umas comprinhas, comer ou ir ao cinema: tudo isso pode ser feito no Shopping Leblon (Avenida Afrânio de Melo Franco, 290). Fundado em dezembro de 2006, o centro comercial possui 193 lojas, com opções de moda, decoração, joias, livraria e alimentação. Conta com quatro salas de cinema e frequentemente abriga exposições. O Teatro Casa Grande hoje é integrado ao shopping. Outra opção é o Rio Design Leblon (Avenida Ataulfo de Paiva, 270), inaugurado em 1983. Inicialmente, o lugar era focado em decoração, mas, aos poucos, foi abrindo o leque. Conta com 46 lojas e onze restaurantes.
9. Trilha do Morro dos Irmãos
Uma das joias da paisagem do Leblon, cartão-postal do bairro, o morro possui uma vista de tirar o fôlego. Para ter essa experiência, é preciso fazer uma trilha, que começa na comunidade do Vidigal e termina no topo do “irmão maior”. É 1,5 quilômetro de percurso em cerca de 40 minutos, com trechos íngremes e outros nem tanto. A trilha é considerada moderada, e, ao alcançar ao cume, é possível admirar toda a Zona Sul. O trajeto começa do campo de futebol na Vila Olímpica do Vidigal. Para chegar lá, a opção mais fácil é pegando um moto-táxi ou van na entrada da comunidade. No final da trilha, a mata é mais aberta e densa, com vegetação na cintura, então é bom usar calça, para evitar arranhões. Há diversas opções de guias para a caminhada, mas muitos grupos também fazem por conta própria.
10. Shows
Embora esteja dentro do Jockey, o Teatro Prio (Av. Bartolomeu Mitre, 1110) fica num endereço no Leblon. Recém-reformado, o espaço conta com uma programação com temporadas teatrais, mas também tem uma programação musical de fôlego. O lugar conta também com uma parte externa com lounge bar, que abriga eventos de tempos em tempos.