Festa dos Santos Populares Portugueses leva atrações ao Porto
Inspirada nos festejos tradicionais de Portugal, que inspiraram nossos arraiais, segunda edição do evento leva música e gastronomia ao Armazém da Utopia
Santo Antônio, padroeiro de Lisboa, São João, padroeiro do Porto, e São Pedro, também muito querido por lá, movimentam Portugal no mês de junho e são homenageados com festejos tão aguardados quanto o Carnaval no Brasil. De origem pagã, depois abraçados pela Igreja Católica, esses rega-bofes lusitanos enchem as ruas de marchas, música, danças, bandeirinhas coloridas, fogueiras, balões. Isso soa familiar? A tradição trazida ao Brasil pelos colonizadores, junto com instrumentos como o acordeão e o triângulo, originou nossas festas juninas — que evoluíram com um toque tropical, principalmente no Nordeste. De sexta (9) a domingo (11), os cariocas vão ter um gostinho das origens dessa história na Festa dos Santos Populares. Criadora do Festival do Fado na Cidade das Artes e do Back2Black, dedicado à música negra, Connie Lopes, nascida Conceição, no município do Porto, e radicada no Rio há 35 anos, decidiu importar para a cidade que a acolheu um pedacinho da celebração tão prestigiada em sua terra natal.
No ano passado, a empresária e produtora levou à Praça XV, ponto de chegada da corte portuguesa, a primeira edição do evento, com atrações musicais d’além-mar e iguarias típicas. “Recebemos cerca de 15 000 pessoas, foi acima do esperado. Portugal, mais do que nunca, está na moda, não só aqui, mas no mundo inteiro. Em 2017, o Rio foi escolhido pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa como o local para a realização das festas fora de Portugal”, conta Connie. Embalado pela conjuntura favorável, o evento cresceu e, neste ano, traz outra novidade: o navio-escola Sagres, a principal embarcação de treinamento de cadetes da Marinha Portuguesa, ficará atracado na Baía de Guanabara e aberto a visitação, como aconteceu durante a Rio 2016. Por causa disso, o endereço mudou para o Armazém da Utopia, na região portuária. Também passa a ser cobrada a entrada, de 30 reais (crianças de até 12 anos não pagam). A nova área, de 5 000 metros quadrados, com cenografia de Felipe Tassara e Daniela Thomas, vai receber shows, debates, desfile de trajes do Minho e artesanato, além de comidas e bebidas. Em cerca de dez pontos gastronômicos, ocupados por marcas como Aurora, Tasca do Bacalhau e Arte Conventual, os visitantes poderão provar sardinhas assadas na brasa, bolinhos, sanduíches, doces, vinhos e ginjinha, licor à base de ginja, espécie de cereja. De Portugal, o Alma Fidalga entra na lista de opções com uma degustação de conservas.
Além da tradição, Connie faz questão de mostrar aos cariocas uma faceta mais contemporânea de seu país. “Quis trazer o que os jovens estão ouvindo lá e ainda não é conhecido por aqui”, diz. Na programação, o humorista português Bruno Nogueira apresenta, no sábado (10), com a cantora Manuela Azevedo, o espetáculo Deixem o Pimba em Paz, uma releitura do pimba, ritmo brejeiro, de duplo sentido, comum nas festas populares. No dia seguinte, o ator participa, com Gregorio Duvivier, de um debate sobre humor. Na ala musical, o pernambucano Alceu Valença, onipresente nos arraiais nordestinos, encabeça o time nacional, formado ainda por nomes como a cantora Letícia Persiles, o guitarrista paraense Felipe Cordeiro, a cantora Natasha Llerena (filha de Connie) e a dupla paulista Tulipa Ruiz e Marcelo Jeneci. O encerramento fica por conta da diva pop do fado Ana Moura, queridinha de artistas como Prince (1958-2016), Mick Jagger, Gilberto Gil e Criolo. “É uma excelente oportunidade de aproximar ainda mais as duas culturas. Para mim é muito bom poder regressar ao Rio, do qual guardo memórias muito doces das minhas últimas férias e amigos preciosos, dentro e fora da música”, exalta a cantora. A depender da animação de Ana Moura, vai ser bonita a festa, pá.