Êxodo — Deuses e Reis é um longa de altos e baixos
O filme traz grandiosos momentos movidos por efeitos visuais, mas arrasta-se num tom solene em sua primeira parte
AVALIAÇÃO ✪✪
Entre as cenas mais marcantes da história do cinema está a abertura do Mar Vermelho em Os Dez Mandamentos, superprodução dirigida por Cecil B. DeMille, em 1956. Não à toa, essa é uma das sequências mais esperadas de Êxodo — Deuses e Reis. E o resultado, tanto em qualidade técnica quanto em criatividade, não decepciona. Infelizmente, porém, o épico bíblico de Ridley Scott não se sustenta nas boas ideias, como a do oceano que seca para os judeus o atravessarem. A primeira parte do longa-metragem, por exemplo, traz figurinos e maquiagem emulando trajes egípcios típicos de um Carnaval na Sapucaí. Também o tom solene imposto pela direção dá certa canastrice ao elenco, incluindo aí seu protagonista, Christian Bale. O ator interpreta Moisés, general do exército do Egito, tido como um irmão de Ramsés (Joel Edgerton), herdeiro do trono e filho do faraó Seti (John Turturro). Uma mudança dramática no destino de Moisés se anuncia quando ele descobre ter raízes judaicas. A partir daí, instala-se numa aldeia, casa-se e, anos depois, a pedido de Deus, vai liderar uma rebelião para libertar 600 000 hebreus escravizados por Ramsés. A intenção é levá-los rumo a Canaã. Scott, o “comandante” de Gladiador e afeito a efeitos visuais, acerta igualmente nos momentos em que as dez pragas arrasam o povo egípcio e na escolha do ótimo menino Isaac Andrews para interpretar o Criador. São soluções originais para um filme desnecessariamente longo e irregular. Direção: Ridley Scott (Exodus: Gods and Kings, EUA/Inglaterra/Espanha, 2014, 150min). 12 anos. A estreia estava prometida para quinta (25).