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Estações de trem contam história do samba carioca

A tradição musical nos trens cariocas, que começou nos anos 20 do século passado, se mantém viva graças à batucada nos vagões

Por Abril Branded Content
24 fev 2017, 15h30
Sobre as rodas do trem: grandes artistas cruzavam a cidade pelas ferrovias para entrar nas rodas de samba da zona norte (Divulgação/)
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Os trens urbanos da região metropolitana do Rio de Janeiro, operados pela SuperVia, transportam diariamente 700 000 pessoas em uma malha ferroviária de 270 quilômetros dividida em cinco ramais, três extensões e 102 estações. Mas não são apenas esses grandes números que chamam nossa atenção.

Boa parte da história do samba carioca pode ser contada entre as estações que ligam bairros afastados e cidades como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis e Belford Roxo à Central do Brasil. Grandes sambistas fizeram história ao cruzar a cidade pelas ferrovias para entrar nas rodas de samba da zona norte.

Estação Mangueira/Jamelão
O passeio nas rodas dos trens pelo samba começa em uma parada no ramal Deodoro. Foi ali, no Morro da Mangueira, bem perto da região do Maracanã, que o Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira foi criado, em 1928, pelos sambistas Carlos Cachaça, Cartola, Zé Espinguela, entre outros. Cartola foi o primeiro mestre de harmonia da agremiação e deu a palavra definitiva na escolha do nome e das cores da escola.

Foi chamada de “Estação Primeira” porque a primeira parada do trem que saía de Dom Pedro para o subúrbio, onde havia samba, era Mangueira. O nome “Jamelão” foi incorporado como homenagem ao cantor e compositor falecido em 2008. Considerado o maior intérprete de samba-enredo de todos os tempos, Jamelão – ou José Bispo Clementino dos Santos – foi a voz da Mangueira durante 57 anos.

Estação Oswaldo Cruz
Seguindo o mesmo ramal, há uma parada no bairro que foi berço da Portela, e de onde saíram grandes sambistas, como o próprio Paulo da Portela, cuja história se confunde com o surgimento do samba na capital carioca. Ele, que nasceu Paulo Benjamin de Oliveira, foi morar no bairro no início da década de 1920.

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Lá fundou o primeiro bloco de Oswaldo Cruz, o Ouro sobre Azul. Foi também o primeiro presidente da Portela e sua casa foi a primeira sede da escola. Seu nome artístico é uma referência à Estrada do Portela, que corta os bairros de Madureira e Oswaldo Cruz, estações vizinhas na linha no ramal Deodoro.

Estação Pilares
A história se expande também para os outros ramais. Em Belford Roxo, o trem para na estação que leva o mesmo nome do bairro e que abriga a Caprichosos de Pilares. A escola de samba foi fundada em 1949 por Oscar Lino (Seu Oscar), Dagoberto Bernardo (Beto Limoeiro), Valter Machado, Ferminiano Romão da Silva, Gilberto Ribeiro de Fonseca, Amarildo Cristiano, João Cândido, Sebastião Benjamim, Tia Alvarinda e Athayde Pereira.

Estação Mercadão de Madureira
Três paradas depois está a estação vizinha da Império Serrano, cujas histórias estão bastante ligadas. A primeira quadra da escola de samba – uma das mais tradicionais na cidade – era onde hoje está o prédio do Mercadão. Depois de um tempo, ela se mudou para o lado da estação.

Estação Ramos
Outro ramal percorrido pela história do samba é o Saracuruna, com parada no bairro de Ramos, também um dos grandes redutos do samba da cidade, e que conduz ao Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. O nome da escola faz referência à Estrada de Ferro Leopoldina, que cortava a região.

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Estação Olaria
Já a parada seguinte é no bairro que abriga a sede do bloco Cacique de Ramos, um dos principais da cidade. Entre seus componentes iniciais estavam Almir Guineto, Bira Presidente, Jorge Aragão, Neoci, Sereno, Sombrinha e Ubirany, integrantes originais do Fundo de Quintal, também oriundo do bloco.

O grupo introduziu novos instrumentos ao cenário do samba, como o repique de mão, criado pelo músico Ubirany, o tantã, criado pelo músico e compositor Sereno, e o banjo com braço de cavaquinho, criado por Almir Guineto.

Sonho de bamba
Inspirado na lembrança desses grandes sambistas e na valiosa memória do bairro de Oswaldo Cruz, o sambista, cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz criou o Trem do Samba, evento que, desde 1996, arrasta multidões e comemora o Dia Nacional do Samba com muita música e batucada nos vagões que partem da Central do Brasil e seguem até o seu bairro do coração.

Recentemente, a concretização do maior sonho do sambista ganhou destaque no projeto #SonhosQueAcontecem. Conheça, abaixo, a história do Trem do Samba.

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