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Encruzilhadas: autores de livro de contos sobre subúrbio dão dicas afetivas

Da Feira das Yabás, em Oswaldo Cruz, ao Teatro Armando Gonzaga, em Marechal Hermes, uma lista com dicas escritores do Rio que não está nos cartões-postais

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 10 out 2023, 11h37 - Publicado em 9 out 2023, 18h47
A Praça Paulo da Portela recria os quintais das grandes matriarcas, as Yabás ou Tias do Samba.
Feira das Yabás: evento mensal é uma das dicas do mapa afetivo dos autores de Encruzilhadas Suburbanas (Divulgação/Divulgação)
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O Rio que não está nos cartões-postais é o tema do recém-lançado livro Encruzilhadas Suburbanas (ed Oficina Raquel), organizado por Pedro Machado, mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e professor na Vila Cruzeiro, na Penha. A publicação reúne contos de 23 autores que integram o mutirão cultural Rolé Literário, coletivo criado em 2019. 

A pedido de VEJA Rio, 14 escritores que participam do livro dão dicas sobre os locais onde suas histórias se passam ou outros lugares do subúrbio carioca que marcaram suas vidas, em um mapa afetivo do Rio e da Região Metropolitana.

Marcel Felipe Omena, autor do conto A Jabuti Iaiá

Lugar: São João de Meriti (Baixada Fluminense)

“Meu afeto está em São João de Meriti, lugar onde nasci e fui criado, e onde se passa a história do conto. Pontos na cidade que eu gosto e recomendo:

Sapo de Touca Pub (Rua da Matriz, 615, Centro, São João de Meriti), lugar que tem como um dos principais objetivos, propagar a cultura, dando espaço aos artistas locais para mostrar seus trabalhos.

Para comer, tem o Cachorro-Quente do Ratão (já patrimônio de São João, existe desde os anos 90), a barraca fica também na Rua da Matriz.”

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Drika Castro, autora do conto Só as Mães São Felizes?

Lugar: Marechal Hermes

Teatro Armando Gonzaga (Av. General Osvaldo Cordeiro de Farias, 511): inaugurado em 1954, é um ‘luxo’. Com projeto de Affonso Eduardo Reidy, jardins de Burle Marx e painéis laterais de Paulo Werneck, o Armando Gonzaga foi minha primeira experiência no teatro. No seu palco recém-reformado, ainda criança, assisti ao Menino Maluquinho e fui apresentada à obra de Ziraldo. Até hoje, com uma excelente programação, ele é uma superdica de cultura”.

Rosana Rodriguez, autora do conto Libertação

Lugar: Duque de Caxias (Baixada Fluminense)

Edinho do Caranguejo (R. Humberto de Campos, 143, Centro, Duque de Caxias). “Melhor trilha e cerveja gelada”.

Feira de Caxias (Avenida Duque de Caxias), aos domingos: “Pastel e caldo de cana, forró, pagode e tapioca”.

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Centro de Esportes (Rua Garibaldi, s/nº, Jardim Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias). “Lugar ótimo para se exercitar, jogar futebol, correr”.

Luly Tavares, autora do conto Mancha Branca

Lugar: Manguinhos/Higienópolis

Bar do Torresmo (Rua Tenente Abel Cunha, 36, Higienópolis): “Um local tranquilo, com cerveja de garrafa geladinha e aquela porção de torresmo que sai na hora, bem fresquinha e baratinha. Estilo ‘botecão’, com aquela chave de banheiro que tem que pedir no caixa.”

Brooklyn Burguer & Beer (Avenida dos Democráticos, 1267, Higienópolis). “Um pedaço do subúrbio nova-iorquino no subúrbio do Rio. A decoração com bastante grafite é um charme, o hip-hop é de lei e o hamburguer, nossa, é apaixonante. Não tem erro, é o atual point do bairro.”

Sued Fernandes, autora do conto Rupturas

Lugar: Oswaldo Cruz

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Feira das Yabás: “Tem samba de verdade, gente de todas as idades dançando com liberdade e se esgoelando em lágrimas de saudades. É riso, choro, tudo junto e misturado”.

Parque Madureira: “No parque, todas as tribos ficam democraticamente distribuídas: evangélicos, roqueiros, sambistas, povo do axé, do jongo, charme, feijoada, criança e terceira idade”.

Feira de quarta: “Piquenique, azaração, shows e mais. Na feira de quarta, ouve-se de tudo, tem de tudo: música, cheiros, xepas. A gente compra saúde e histórias”.

Sylvia Arcuri, autora do conto Ramos Como Testemunha

Lugar: Todos os Santos

Caeté Tênis Clube (R. Dr. Ferrari, 321): “Piscina com sol garantido no verão e futsal”.

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Negro Muro — Lima Barreto: “Arte urbana na Rua Major Mascarenhas, onde o autor morou”.

Esporte Clube Valim (Rua Padre Ildefonso Penalba, 470): “Atividades esportivas.”

Fábio Carvalho, autor do conto O Curioso Caso do Mendigo Escritor

Lugares: Andaraí e Engenho de Dentro

“A primeira dica é dar uma passada na feira de domingo da Rua Araripe Júnior. Por volta das 11h, começa um samba no Largo do Dondon, que é um conjunto de bares da região. Faz a feira, tem um suco de confusão geladinho e um rebola-queixo dos deuses. Experimente o barababá do Bar do Helinho, um dos estabelecimentos do Largo”.

“A última dica é o Polemikas Bar (Rua Pernambuco, 512-A, Engenho de Dentro), do grande Seu Zé. “Tem uns salgadinhos divinos, a simpatia do dono e bebidas na temperatura ideal. De vez em quando, ainda temos aulas públicas no local sobre música e história do subúrbio. Ah! Precinho bem justo”.

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Janaina Nascimento, autora do conto Folhas de Outono

Lugares: Parada de Lucas, Inhaúma e Cascadura

“A quadra da escola de samba Unidos de Lucas (Rua Cordovil, 333, Parada de Lucas), conhecida também como Galo de Ouro. A agremiação revelou personalidades importantes e conhecidas no mundo do samba e segue sendo berço de novos bambas, sob a bênção de São Sebastião.

“O Raimundo’s Bar (Rua Perianto, 5) fica na Praça do Sagaz, na Fazendinha, em Inhaúma. Ambiente agradável, atendimento perfeito , petiscos deliciosos e cervejinha gelada”.

“O Bar do Papa (Rua Cândida Bastos, Cascadura). E lá, para além de saborear as delícias do Papa , como feijoada, panceta, costelinha, frango assado e muito mais, você também pode apreciar um chope artesanal enquanto folheia os livros do Espaço Lítero-Etílico Suburbano, idealizado pelo Mutirão Cultural Rolé Literário.

Marcio Sales Saraiva, autor do conto Segunda

Lugar: Engenho de Dentro

Estação de trem do Engenho de Dentro: “Sintetiza diversas lembranças de chegadas e despedidas na minha vida e na vida desse bairro de origem operária”.

“A Praça Amambaí é a ‘floresta amazônica’, o ‘pulmão’ do Engenho de Dentro. As árvores estão sendo dizimadas gradualmente, mas ainda resistem. Adoro caminhar ali. Centenas fazem isso”.

Arranco do Engenho de Dentro (Rua Adolfo Bergamini, 196) é a nossa escola de samba. Foi onde aconteceu a primeira disputa de samba-enredo do Brasil. Não é somente o samba e a memória musical dos negros de nosso bairro, mas também o espaço em que os antigos ‘bailes gays’ abriam possibilidades de existir fora da caixinha heterocisnormativa”.

Paula Ferraz, autora do conto Jornada Suburbana: A Vida Através do Olhar de Uma Menina Preta

Lugar: Méier

Bar Codorna do Feio (esquina da Rua Dr. Bulhões com Rua Dias da Cruz). “O boteco tem a cerveja mais gelada do bairro, com variedade e um churrasquinho de terça a domingo”.

Flavio Braga, autor do conto O Prometido

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Bosque Dona Ivone Lara: espaço arborizado no Engenho de Dentro (Beth Santos/Prefeitura do Rio de Janeiro)

Lugares: Quintino, Engenho de Dentro, Encantado e Piedade

Bar do Papa (Rua Cândida Bastos, 164, Cascadura): “O ‘quartel-general’ do Mutirão Cultural Rolé Literário não pode faltar nessa lista. Com um chope gelado e com alguns pratos de boteco divinos (recomendo fortemente a panceta e a caipirinha, além dos eventos que têm feijoada como prato principal), o bar frequentemente recebe eventos culturais, sendo grande parte deles organizados pelo coletivo de escritores.

Bosque Dona Ivone Lara (Dr. Leal, 827, Engenho de Dentro): “Dentro do antigo Hospital Psiquiátrico Pedro II, o bosque fica no Parque Municipal Urbano Nise da Silveira e é exemplo de ocupação do espaço urbano com parques. Uma opção de lazer ao ar livre, é gratuito, com uma vista incrível para a Serra dos Pretos Forros”.

Armazém do Engenhão (Rua José dos Reis, Engenho de Dentro): “Opção em diversos pontos, como o de prática de esportes, gastronomia e cultura (fica ao lado da Nave do Conhecimento do bairro e recebe frequentemente o evento Samba da Feira). Dá vida ao entorno do Estádio Nilton Santos. O projeto arquitetônico dos galpões e da estação do Engenho de Dentro é uma atração à parte para quem gosta”.

Valentim, autor do conto Tendinha

Lugares: Madureira/Turiaçu e Vila da Penha

Cascatas do Parque de Madureira (Entrada 5, próximo ao Viaduto Rocha Miranda, Turiaçu)

Adega Duas Nações (Av. Vicente de Carvalho, 995, Vila da Penha)

Boteco do Seu Zé (Madureira)

Pedro Machado, autor do conto O Dia de Janaína e Sebastião

Lugar: Duque de Caxias (Baixada Fluminense)

Feira de Caxias (Avenidas Presidente Vargas e Duque de Caxias e Rua Prefeito José Carlos Lacerda, Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias): “Onde vou, desde a adolescência, em que ia com meu tio Luizinho, aos domingos, à procura de livros e CDs usados, figuras engraçadas das ruas, novidades inusitadas, coisas baratas em geral e pastel com caldo de cana”.

Márcia da Silva Pereira, autora do conto De Exu para Odara

Lugar: Gramacho, Duque de Caxias (Baixada Fluminense)

“O palco que protagonizou a ascensão de uma menina preta que não sabia sonhar, mas que explorava os maravilhosos detalhes do bairro em que nasceu e se criou: as vielas da rua Cantagalo (atual Joaquim José Soares), o terreiro da Dona Francisca e as diversas brincadeiras no Largo do Barreto. Lá, ela aprendeu a valorizar os seus saberes ancestrais e sociais, numa mistura de faz de contas e fazer acontecer. O fazer acontecer sempre vem recheado de criatividade, amor, responsabilidade e muita, muita dedicação”.

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