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O que vai ser do Rio depois das Olimpíadas

Economista do BNDES e organizador do livro "Depois dos Jogos — Pensando o Rio para o Pós-2016"<strong> </strong>fala à reportagem de Veja Rio sobre suas previsões para a cidade depois que a festa acabar

Por Cibele Reschke
Atualizado em 5 dez 2016, 12h22 - Publicado em 21 fev 2015, 00h00
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    1 – Os Jogos Pan-Americanos e a Copa do Mundo não deixaram um real legado aos cariocas. O que o faz acreditar que com a Olimpíada será diferente? 

    No projeto olímpico, a preocupação em torno do legado, para que transcendesse o componente esportivo, esteve presente desde o início. Acho que a maioria das pessoas vai ficar satisfeita com os resultados.

    2 – O que podemos aprender com as experiências bem-sucedidas que nos antecederam, como as de Londres e Pequim, e mesmo evitar fracassos como os de Atenas? 

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    São três casos muito distintos. Na concepção da Olimpíada do Rio, houve muito empenho em tentar imitar, na medida do possível, a experiência de Barcelona, que renasceu ao sediar os Jogos de 1992. É importante ressaltar que não é a cidade que deve servir aos Jogos, mas sim os Jogos servir à cidade.

    3 – A atual crise no setor de óleo e gás pode comprometer a economia da cidade no período pós-2016? 

    Não haverá Rio sem petróleo. A Petrobras deve passar por uma fase de ajustes, e só manteremos nosso potencial produtivo se corrigirmos os erros cometidos desde a descoberta do pré-sal, em 2007. Ainda assim, a prefeitura deverá pensar em fontes alternativas de renda para o município.

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    4 – Quais seriam essas alternativas? 

    A visibilidade da Olimpíada deve trazer para cá mais turistas e ajudar o Rio a ter mais eventos internacionais. O setor de telecomunicações é forte, com algumas de suas principais empresas gerando milhares de empregos. A indústria criativa também é promissora. Outra possibilidade é aumentar a arrecadação com IPTU de imóveis hoje isentos.

    5 – Devemos temer um período de austeridade? 

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    A contenção de investimentos será necessária, pois a prefeitura não tem como sustentar obras indefinidamente. E os investimentos de hoje vão virar, em parte, o gasto corrente de amanhã. Só não concordo com a palavra “temer”: a austeridade é positiva.

    “A Baía de Guanabara será o grande passivo pendente no fim dos Jogos. Mas teremos mais metrô e transformações na malha viária. Desta vez as promessas se concretizarão”

    6 – Depois de uma grande valorização, os preços no setor imobiliário estão estagnados. Devemos esperar uma queda depois de 2016?

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    Muita gente aposta nisso. Mas vejo maior incerteza em relação ao futuro imobiliário da Barra da Tijuca, que ainda depende da chegada do metrô.

    7 – Não há risco de a revitalização da área portuá­ria ser comprometida? 

    O Porto Maravilha é um projeto para daqui a vinte anos. Não descarto a possibilidade de uma acomodação no preço dos imóveis dali, comum nesses processos. Talvez a ocupação seja mais lenta, mas é irreversível. 

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    8 – As obras olímpicas geraram milhares de empregos. Como se pretende realocar essa mão de obra em 2017? 

    É possível que aumente a taxa de desemprego, já que o setor de construção civil tende a desacelerar. Mas é necessário olhar para outro vetor do mercado de trabalho: a demografia. Até 2025, a população entre 15 e 59 anos não deverá crescer no Estado do Rio, enquanto a população de idosos terá uma proporção de crescimento equivalente ao dobro da porcentagem atual. A taxa de empregabilidade deverá aumentar, a longo prazo, por razões demográficas.

    9 – Que garantias teremos de que as obras previstas para depois de agosto de 2016 serão algum dia finalizadas? 

    A Baía de Guanabara, sem dúvida, é o grande passivo pendente que restará no fim dos Jogos em relação ao que se esperava, mas nós teremos mais metrô e uma transformação expressiva na malha viária. Desta vez as promessas se concretizarão.

    10 – Quais são suas previsões com relação ao futuro do programa de UPPs? 

    Hoje esse projeto é indissociável da política de segurança. Mas o governo do estado precisará redefinir prioridades, uma vez que não dispõe mais dos recursos financeiros de seis anos atrás.

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