Ícone pop onipresente em festivais, Djavan é homenageado em musical
Espetáculo que narra a trajetória do cantor e compositor alagoano estreia em 5 de junho no Teatro Multiplan

Foram seis meses de insistência por parte do produtor Gustavo Nunes até que Djavan topasse ser retratado nos palcos. “A princípio ele achou a ideia descabida, por estar em plena atividade, mas conseguimos convencê-lo de que é uma linguagem complementar”, relembra Nunes, à frente da produtora Turbilhão de Ideias, que levou à ribalta, no ano passado, o musical sobre o Paralamas do Sucesso.
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Desde março, uma turma afinada, de mais de sessenta pessoas, entre atores, músicos e equipe técnica, sua a camisa em ensaios quase diários, de, ao menos, seis horas cada, para rememorar a trajetória de um dos maiores nomes da música brasileira, responsável por mais de 200 composições ao longo dos seus cinquenta anos de carreira.
Quando as cortinas do Teatro Multiplan, no VillageMall, se abrirem no dia 9 de junho com Djavan, O Musical: Vidas Pra Contar, o cantor e compositor alagoano estará na plateia da estreia para convidados. Mas, antes disso, o público já poderá conferir o espetáculo, que tem a primeira apresentação nesta quinta (5). “Me sinto muito honrado e curioso para descobrir como traduziram a minha história e a minha música para o teatro”, anseia o homenageado.
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O maestro dessa grande orquestra, regida sob texto de Patrícia Andrade e Rodrigo França, é o tarimbado diretor João Fonseca, nome por trás de grandes musicais que já exaltaram Tim Maia, Cássia Eller e Cazuza, por exemplo. “A empreitada já valeu só por ter tido a oportunidade de conhecer, conversar e ter acesso à intimidade dele”, comenta Fonseca, que passou uma tarde com o artista em seu estúdio, na Barra.

Do elenco ao texto final, cada detalhe foi submetido ao crivo do homenageado, que não vetou nada, mas pediu alguns ajustes cronológicos. Durante 2h30, mais de trinta hits costuram as passagens mais significativas da carreira do cantor e compositor, que na juventude abandonou as chuteiras do time de futebol CSA, de Maceió, para se lançar na música, no Rio de Janeiro.
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Raphael Elias, intérprete do protagonista, foi escolhido a dedo entre mais de 250 atores. Ele conta que a visita do ídolo a Angola, quando acompanhou Chico Buarque em uma turnê, em 1979, é um dos pontos altos da montagem. “Foi quando ele reconheceu de onde vem a música dele”, ressalta Elias, que vem fazendo aulas de violão com João Castilho, guitarrista de Djavan, para tocar o instrumento em cena.
Destaque no line-up de festivais como Rock in Rio, Rock the Mountain e Queremos!, o alagoano de 76 anos é, definitivamente, um ícone pop contemporâneo. “Foi lindo ver a Marina da Glória cantando em coro canções como Oceano, Samurai e Flor de Lis. Isso prova que ele segue atual, relevante e profundamente enraizado no imaginário afetivo”, observa Pedro Seiler, diretor do Queremos!.
Jornalista, crítico de música e autor dos textos biográficos do songbook em três volumes do artista, lançado em 2007, Hugo Sukman atribui a juventude da obra do alagoano à capacidade de transitar por ritmos diversos. “Até o cara do funk e do hip hop se identifica com o suíngue de Djavan. Ele faz música complexa e, ao mesmo tempo, boa de dançar. Essa combinação é raríssima”, analisa Hugo, que está começando a preparar para a HBO Max uma série em três episódios sobre o músico junto à empresária dele, Suzy Martins, à documentarista Adriana Pena e aos produtores Tatiana Issa e Guto Barra. Djavan é mesmo ouro de mina.
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Flor de Lis
Lançada no seu disco de estreia, A Voz e o Violão, de 1976, foi o primeiro grande hit do artista no exterior, na voz da cantora de jazz americana Carmen McRae, com o título Upside Down.
Samurai
Parte do álbum Luz, gravado em Los Angeles e lançado em 1982, conta com um solo de gaita de Stevie Wonder, a convite do lendário produtor musical Ronnie Foster.
Oceano
A canção de 1989 é a segunda mais popular do músico no Spotify, com mais de 80 milhões de reproduções, e conta com um solo de violão do mago do flamenco Paco de Lucía (1947-2014).