Dig Verardi, o gaúcho que bomba com tipos cariocas: “Novela é inspiração”
Ator e humorista surfa na onda do sucesso do perfil de humor Malhassaum apresentando na cidade seu espetáculo Uma Comédia Irreverente
Sucesso na internet com o perfil Malhassaum, o ator Dig Verardi vem, desde o ano passado, apresentando no Rio o espetáculo Uma Comédia Irreverente, ao lado do primo Thom Verardi, em sessões esgotadas. Nesta quinta (1º), eles sobem no Teatro Miguel Falabella, no Norte Shopping.
Em cena, Dig imita personagens seus já conhecidos na internet, com destaque para os tipos privilegiados da Zona Sul, como o Garoto Leblon e os nepobabies (artistas que recebem um “empurrão” na carreira de parentes ou contatos famosos). Ele e Thom também apresentam números de stand-up e mostram canções de autoria própria.
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O gaúcho ficou conhecido quando o perfil Malhassaum, dele com a curitibana Fernanda Fuchs, viralizou. Um dos primeiros vídeos a ganhar muita visibilidade foi a que mostrava um folião que achava o Carnaval de rua carioca o mais democrático do mundo, mas só queria saber de blocos secretos.
Há um ano morando em Laranjeiras, Dig contou a VEJA RIO sobre reações raivosas às sátiras aos tipos cariocas, a “pesquisa de campo” que realiza para criar os personagens e qual estereótipo de um bairro rendeu mais reclamações, entre outros assuntos.
Você imita personagens típicos dos bairros cariocas. Já recebeu ou costuma receber “hate” (mensagens de ódio) de moradores indignados? Se sim, qual bairro rendeu mais reclamações?
Já recebi muitas vezes. A maioria dos comentários é positivo, as pessoas em geral gostam de ver os lugares que elas moram e os costumes representados nos vídeos. Mas já recebi, sim. O bairro que rendeu mais reclamações, com certeza, foi o Leblon. Acho que também foi o que mais viralizou, mas acho que foi quando eu recebi mais críticas. Não sei explicar exatamente o porquê.
Qual foi o primeiro personagem carioca que você criou?
Ele se chamava — se chama, ele ainda existe em mim, e ainda existem em muitos dos personagens que eu faço —, Cadu Gente Boa. Era um galã da novela Malhação, porque a página surgiu disso, de uma de uma paródia dela, por isso que se chama Malhassaum. Esse galã típico da Malhação, bom moço, que é estudioso e típico da Zona Sul também, surfista… Jogador de water polo (risos). Isso era muito específico da novela: não sei se no Rio as pessoas jogavam water polo, mas em Malhação, sim.
Como você faz a pesquisa para imitar esses tipos cariocas?
Cada trabalho, cada vídeo, eu acredito que tenha uma pesquisa diferente. A minha primeira inspiração de todas, com certeza, são as novelas, que foram o meu primeiro contato com a cultura carioca, e acredito que da maioria dos brasileiros. Mas, por exemplo: eu estava, um dia, indo para a praia lá no Leblon com a mãe de uma amiga, que morou muito tempo no bairro, e ela foi dando “oi” para os porteiros da rua onde ela morou por anos. Então, a minha primeira inspiração veio dela para fazer esse vídeo. Cada um vem de uma pessoa. Por exemplo, Laranjeiras: eu moro aqui há um ano, então me inspirei na minha vivência, a minha pesquisa foi viver aqui um ano. Em Copacabana também já tinha morado durante um ano. A gente também fez uma caixinha de perguntas para os nossos seguidores falarem lugares que não podiam faltar na Tijuca, perguntei para um amigo que morou lá muito tempo… Pergunto muito para pessoas próximas e tento me inspirar nelas, e nas referências que elas vão falando.
Como é sua história com a cidade? Lembra da primeira vez que veio para cá?
A primeira vez que eu vim para cá foi com 18 anos, e eu lembro que era meu sonho desde criança conhecer o Rio de Janeiro, eu tinha no meu quarto um cartão-postal, que a minha mãe trouxe, que era a vista do Cristo e do Pão de Açúcar, e eu sempre olhava para aquele cartão-postal, imaginando quando eu ia conhecer de verdade, com meus próprios olhos, esses esses pontos tão marcantes do Rio de Janeiro e do Brasil. Com 18 anos, eu vim para cá com amigos e fiquei num hostel na Lapa. E eu fui realmente um grande turista, passei acho que de quinta até segunda-feira, conhecendo o Pão de Açúcar, o Cristo, a Lapa, Copacabana, Ipanema. Eu sou muito fã do Cazuza, e eu amarrava uma faixa na cabeça e cantava músicas dele. Por exemplo, no Arpoador, eu cantava ‘Vago na lua deserta / das pedras do Arpoador’ (risos). Eu ficava muito inspirado por Cazuza e vendo as paisagens com os meus próprios olhos de coisas que ele falava nas músicas dele.
Você está morando no Rio, é “laranjeirer”. Desde quando, exatamente, vive aqui?
Eu me formei em Teatro em 2018 em Porto Alegre na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e vim morar aqui para trabalhar como ator, achando que ia ter mais oportunidades do que em Porto Alegre. Não foi exatamente essa a realidade (risos). Então, em 2020, com a pandemia, eu voltei para Porto Alegre. Ano passado, quando os meus vídeos começaram a viralizar aqui na cidade, voltei a morar aqui. Faz um ano e pouco que eu moro em Laranjeiras.
Com qual tipo carioca se identifica mais?
Acho que com o “laranjeirer” mesmo, por eu ser um (risos), há um ano, pelo menos. E acho que eu me identifico muito com vários personagens que eu faço, porque faço eles de um lugar que eu tento sempre buscar das pessoas que são mais próximas a mim, de amigos. Então, eu me sinto um pouquinho de cada um dos meus personagens, porque são de pessoas próximas que eu conheço, e a gente sempre leva as coisas dos nossos amigos para as nossas vidas, né?
Como tem sido a resposta ao seu sucesso nas redes no dia a dia? Costuma ser abordado por fãs?
Costumo bastante, em vários lugares aonde eu vou vêm muitas pessoas falar comigo e dizer que são fãs do meu trabalho. Principalmente quando eu já fiz do bairro onde essa pessoa mora. Se a pessoa mora em Laranjeiras, ela vai falar que adorou o vídeo de Laranjeiras. Se é uma pessoa que mora no Leblon, vai falar que adorou o vídeo do Leblon, que é assim mesmo que ela viu a vida toda dela. Bastante gente vem falar comigo, acho que quase sempre que eu saio de casa. Até porque a internet tem isso, de ser uma coisa bem nichada, e eu falo sobre o lugar onde eu vivo, e com as pessoas do lugar que eu vivo, então acaba sendo bem concentrado. Por onde eu ando, [estão] as pessoas que me acompanham. E sempre são pessoas que vêm falar coisas boas, eu ainda não tive nenhum hater pessoalmente, só por comentários. Ainda bem (risos).
Teatro Miguel Falabella. Norte Shopping. Av. Dom Hélder Câmara, 5332, Cachambi. Qui. (1º), 20h. R$ 35,00 a R$ 70,00. Ingressos pelo Sympla.
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