Deus Pelo Avesso, Bent e mais estreias teatrais do fim de semana no Rio

Programação traz ainda A Luta, com Amaury Lorenzo; a comédia Dilatados, com Marco Luque; e a volta de A Moscou! Um Palimpsesto

Por Kamille Viola
Atualizado em 7 nov 2024, 21h52 - Publicado em 7 nov 2024, 20h24

A Moscou! Um Palimpsesto

Com dramaturgia e direção de Ada Luana, a peça é uma releitura do clássico As Três Irmãs, de Anton Tchekhov (daí o título, já que palimpsesto significa um papiro ou pergaminho que foi raspado para que se possa escrever novamente nele). O drama de irmãos que sonham em voltar para sua idealizada Moscou, mas não conseguem agir para colocar seu desejo em prática dialoga com o momento sócio-político nacional e mundial atual, com o fim de muitos paradigmas e a promessa de mudanças que não se concretizam.

Caixa Cultural – Teatro Nelson Rodrigues. Avenida República do Paraguai, 230, Centro. Qui. (7) a sáb. (9), 19h. Dom. (10), 18h. R$ 10,00 a R$ 30,00. Ingressos pelo Bilheteria Cultural. Únicas apresentações.

Antes da Aula

Cartas escritas por alunos de uma escola municipal onde a atriz e professora Aline Oliveira deu aula, além de outras experiências autobiográficas dela, foram o ponto de partida para o espetáculo, que tem dramaturgia de Felipe Barenco, com colaboração da própria Aline, e direção de Julio Adrião e Florência Santángelo. Neste solo, a atriz interpreta mais vinte personagens, entre Marília, a professora de artes que encara “a turma mais difícil do colégio”, os alunos com quem ela vive um ano inesquecível, e outras figuras da comunidade escolar.

Teatro Glauce Rocha. Avenida Rio Branco, 179, Centro. Qua. e qui., 19h. R$ 20,00 a R$ 40,00. Ingressos pelo Sympla. Até 28 de novembro.

Bendengó

O maior meteorito encontrado no Brasil, é o ponto de partida para o espetáculo da Definitiva Cia. de Teatro, batizado a partir dele. Resgatado na Bahia e levado para o Museu Nacional, onde sobreviveu ao incêndio de 2018, Bendegó se tornou um símbolo de resistência. A partir da história dele, a peça fala sobre temas como violência, colonização e transformação que marcam a trajetória do Brasil e do mundo. O texto é de Livs, e a direção, de Jefferson Almeida.

Sesc Tijuca. Teatro II. Rua Barão de Mesquita, 539. Qui. a sáb., 19h. Dom., 18h. R$ 7,50 a R$ 30,00. Ingressos somente na bilheteria. Até 1º de dezembro.

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Bent

O clássico do americano Martin Sherman ganha montagem brasileira sob a direção de Luiz Furlanetto, com Daniel Dalcin e San Lima nos papéis principais. A trama mostra a perseguição aos gays na Alemanha nazista, por meio da história de Max (Dalcin), que é capturado junto ao namorado, Rudy (André Andrade). Rudy é morto, e Max, fingindo ser judeu (por acreditar que se assumir homossexual poderia ser pior), é levado a um campo de concentração, onde conhece Horst (Lima), gay assumido. Os dois ficam amigos e acabam se apaixonando.

Teatro Vannucci. Shopping da Gávea. Rua Marquês São Vicente , 52/3º andar. Sex., 22h30. Sáb., 21h30. Dom., 20h30. R$ 50,00 a R$ 100,00. Ingressos pelo Sympla. De 8 a 30 de novembro.

Camille em Fuga

Foi da pintura Mulher com Sombrinha (também conhecida como O Passeio), de Claude Monet, que a dramaturga e diretora Gabriela Estevão tirou a inspiração para escrever o espetáculo. No quadro, o pintor francês retratou sua primeira esposa, Camille, e seu filho Jean, em um campo de papoulas. A peça, no entanto, parte da obra para fazer reflexões sobre temas como sororidade, maternidade, aprisionamentos sociais, medos e inseguranças femininas. Na trama, toda segunda-feira, Aura (Denise Stutz) visita a mesma galeria, onde Camille (Eli Carmo) trabalha, para admirar uma instalação inspirada no quadro de Monet. Lá é seu refúgio, onde consegue ser ela mesma.

Sesc Copacabana. Sala Multiuso. Rua Domingos Ferreira, 160. Qui. a dom., 19h. R$ 7,50 a R$ 30,00. Ingressos somente na bilheteria. Até 1º de dezembro.

Deus Pelo Avesso

Yasmin Gomlevsky assina o texto, atua e é uma das diretoras (ao lado de Renata Imbriani) do espetáculo, que vive Laika vive uma ex-influenciadora digital que abandona tudo para se tornar uma andarilha em busca de sentido para sua vida. Ela, então, decide ganhar o mundo, deparando-se com uma série de seres animados e inanimados (vividos por outros 25 atores) que a levam a descobertas. No processo, ela revisita suas memórias, mergulha na solidão e experimenta desde o sentimentos como a incapacidade, o autoamor e a iluminação espiritual.

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Sede da Cia dos Atores. Rua Manuel Carneiro, 12, Lapa. Qua., 20h. R$ 25,00 a R$ 50,00. Ingressos pelo Sympla. Até 4 de dezembro.

Dilatados

Com direção de Marco Luque e Guilherme Rocha, o ator interpreta dois famosos personagens seus. O espetáculo traz as façanhas de Jackson Faive, um motoboy paulistano, e Mustafary, um vegetariano irônico e controverso, que prega a sustentabilidade do planeta, ama os animais, a natureza e, principalmente, o cachorro Serumaninho, que ele encontrou na praia.

Teatro Claro Mais. Rua Siqueira Campos, 143/2º piso, Copacabana. Sáb. (9) e dom. (10), 20h. R$ 19,80 a R$ 140,00. Ingressos pelo Uhuu!. Únicas apresentações.

Limbos

Idealizada por Marcus Liberato e Marcos Guian, que também são os protagositas, a peça gira em torno de Augusto e Antônio, um casal de homens negros que, ao decidir adotar uma criança, revisita os próprios traumas de abandono. Augusto (Guian) é um carnavalesco da Série Prata que também trabalha como motorista de aplicativo e, ao mesmo tempo que deseja se tornar pai, tem medo de assumir a responsabilidade. Embalado por sambas-enredos na trilha sonora, o espetáculo, que tem dramaturgia de Pedro Emanuel e encenação de Renata Tavares, aborda temas como abandono parental, desafios da adoção e as raízes afro-brasileiras.

Teatro Dulcina. Rua Alcindo Guanabara, 17, Centro. Qui. a sáb., 19h. Dom., 18h. R$ 15,00 a R$ 30,00. Ingressos pelo Sympla. Únicas apresentações.

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A Luta

Amaury Lorenzo encena o espetáculo solo, baseado na terceira parte do romance Os Sertões, de Euclides da Cunha (1866-1909). Na trama, o ator é um contador de histórias que narra as batalhas ocorridas em Canudos, no interior da Bahia, em 1896, entre os homens e mulheres chefiados por Antônio Conselheiro e as forças militares da República, recém-proclamada no Brasil (1889). O texto é de Ivan Jaf e a direção, de Rose Abdallah.

Teatro Riachuelo. Rua do Passeio, 40, Centro. Dom. (10), 18h. R$ 20,00 a R$ 160,00. Ingressos pelo Sympla.

Quebrando Paradigmas

Com texto e atuação de Lucas Popeta, o espetáculo solo, que celebra os 15 anos da Confraria do Impossível, conta a história do Brasil pelo olhar de um jovem negro e periférico de 23 anos. Ao mergulhar no teatro brasileiro, ele se depara com uma realidade de falta de consciência social e racial. Essa experiência causa uma transformação em sua visão de mundo, levando-o ao ativismo político.

Teatro Chica Xavier. Rua Carlos de Carvalho, 53, Centro. Sex. e sáb., 20h. Dom., 19h. R$ 20,00 a R$ 40,00. Ingressos pelo Sympla.

Selva: Solidão

A partir das trajetórias do atendente de lanchonete fast-food Jonathan, o garoto de programa Luiz Felipe e o professor universitário aposentado Antônio, cujas vidas se cruzam, o solo estrelado por Vinicius Teixeira fala sobre o constante sentimento de solidão presente na comunidade LGBTQIAPN+. O espetáculo tem direção de Jefferson Almeida, que assina o texto ao lado de Vinicius Teixeira.

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Teatro Ziembinski. Rua Heitor Beltrão, s/nº, Tijuca. Ter. e qua., 20h. R$ 20,00 a R$ 40,00. Ingressos pelo Rio Cultura. Até 27 de novembro.

Varieté dus Amantes

Unindo teatro, dança, música (com uma banda tocando ao vivo) e artes visuais, o espetáculo, dirigido por João Vitor Linhares, celebra o amor na comunidade LGBTQIAPN+ e homenageia os Dzi Croquettes, grupo de teatro e dança que, nos anos 70, fez sucesso e desafiou a ditadura ao romper com estereótipos de gênero de forma bem-humorada.

Teatro Café Pequeno. Avenida Ataulfo de Paiva, 269, Leblon. Sex e sáb., 20h. Dom., 19h. R$ 25,00 a R$ 50,00. Grátis para pessoas trans e não binárias. Ingressos pelo site da Rio Cultura. De 8 a 17 de novembro.

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