“Crush de adolescência”, diz Bebel Gilberto sobre show com A Cor do Som
Cantora participa do show da banda — da qual foi muito fã, chegando a segui-los Brasil afora — no festival Universo Spanta, nessa sexta (19)
Nesta sexta (19), o Universo Spanta irá reunir no Palco Lapa amigos de muitas décadas: a banda A Cor do Som e a cantora Bebel Gilberto, que faz uma participação no show do grupo. Muita gente sabe que a artista conhece Dadi Carvalho dos tempos em que seu pai, João Gilberto, era uma espécie de mentor da antiga banda do baixista, Novos Baianos. Mas os caminhos de Bebel e do A Cor do Som têm muito mais em comum do que se imagina.
“Eu era groupie do A Cor do Som”, diverte-se ela. “Quando eu tinha uns 13 anos, era fã de MPB. Até que descobri eles e fiquei louca. E eu era apaixonada pelo Mu (Carvalho, irmão de Dadi e tecladista do grupo), óbvio. O Dadi também era um crush, mas eu já conhecia ele desde muito pequena, e ele era um pouco mais velho”, lembra a cantora, hoje com 57 anos.
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Dadi tinha convivido com Bebel quando ela era bem pequena, na época em que João Gilberto passou a frequentar o apartamento na Rua Conde de Irajá, em Botafogo, em que os Novos Baianos viviam todos juntos. Ele costumava aparecer já tarde, por volta da meia-noite, e cantava e tocava violão, enquanto seus pupilos se sentavam em volta dele em círculo, maravilhados. “Ele aparecia de surpresa sempre”, recorda o baixista.
Um dia, levou a filha junto. Diferentemente, dessa vez chegou de dia. “Aí foi a coisa mais linda. Acho que Bebel tinha uns quatro, cinco aninhos. E ele tocou “Raindrops Keep Fallin’ On My Head” (cantarola), e Bebel cantando e ele tocando, ali na varanda, emocionado, com ela cantando lindo, superafinada”, descreve.
Armadinho jura que viu Miúcha grávida de Bebel em Salvador, embora haja um conflito de datas entre o relato e o ano de nascimento da cantora. Mas, além disso, já na adolescência, ela ficou muito próxima de seu filho João (Neto) e costumava passar temporadas em sua casa em Salvador no verão.
“Uma vez, ela veio lá para casa no carnaval. Era a época da axé music, e ela falou: ‘Eu não gosto dessa música, a única que eu gosto é aquela que fala ‘chame, chame gente”. E eu: ‘Ah, essa é minha'”, diverte-se ele, citando o sucesso Chame Gente, parceria sua com Moraes Moreira.
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A cantora se lembra ainda de como conheceu os irmãos Carvalho. Um dia, estava na praia com sua mãe, a cantora Miúcha, que contou a um casal de amigos que a filha era muito fã do A Cor do Som e perguntou se eles conheciam alguém poderia apresentá-la a Mu.
O casal era simplesmente Jorge Ben Jor e sua esposa Domingas Menezes, que conheciam os pais de Dadi, Haroldo e Flavita, de longa data (Paulinho Tapajós, produtor de sete discos de Jorge, era casado com a irmã de Dadi, Heloísa), e eles logo trataram de fazer as apresentações.
Bebel, então, passou a frequentar a casa da família. Ela era tão fã que seguia o grupo país afora para assistir aos shows. Em uma dessas viagens, não se recorda se para São Paulo ou Belo Horizonte, era exigido que um adulto assinasse um termo de responsabilidade pela menor. Mu, que é nove anos mais velho, foi quem assinou.
O tempo passou, os integrantes da banda enveredaram por outros projetos, e as apresentações foram se tornando mais esporádicas. Bebel, por sua vez, se tornou cantora e foi viver nos Estados Unidos por um longo período. A amizade, no entanto, permaneceu. “Depois nos separamos na vida, mas, quando nos reencontramos, parece que estamos naquela época“, festeja ela.
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A artista só participou do show do grupo uma vez, no fim da década de 70, em uma música, ao lado de Caetano Veloso, e não vê a hora de voltar a dividir o palco com os amigos de longa data. “Fiquei honradissima com esse convite, achei a coisa mais incrivel do mundo. Acho que o Max (Vianna, curador do Universo Spanta e filho de Djavan), que é um fofo e eu conheço desde que tinha, sei lá, dois anos, nem imagina que eu era tão fã da Cor do Som. Foi a banda que eu mais vi tocando”, conta.
Dadi também se derrete em elogios à amiga. “A Bebel é uma querida… Pô, filha do João, nossa amiga… E ela canta lindo, é uma cantora incrível, e tudo que ela conquistou aí mundo afora, você tem que tirar o chapéu. E ela é uma figurinha, eu adoro ela”, diz.
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Os artistas também estão animados em tocar para públicos diferentes dos seus próprios, já que o dia em que se apresentam reúne nomes de diversos gêneros musicais, inclusive amigos deles: Olodum com participação de Margareth Menezes, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, Criolo com Teresa Cristina, Banda Black Rio com Luciana Mello e Negra Li, e João Bosco com Xenia França.
A Cor do Som fez poucos (e bons) festivais: o de Chorinho, em 1977; o de Montreux, na Suíça, em 1978 (que rendeu um elogiado disco ao vivo); o de Águas Claras (SP), em 1981; e o Rio Montreux, em 2021. Agora, os integrantes estão empolgados para ficar diante de uma plateia tão diversa.
“Para nós, é maravilhoso. Porque, mesmo quando tocamos para um público novo, que não conhece a banda, a gente consegue uma empatia, uma ligação, porque estamos sempre atualizando a nossa música”, diz Armandinho.
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“A gente virou músico porque adora música, e quer mostrar isso através do que a gente faz. Então vai chegar em pessoas que vão se identificar com aquilo. Vai ser bem legal tocar em um festival diferente dos que a gente fez”, comemora Dadi.
Bebel, que há um tempo não faz show próprio aberto na cidade (o mais recente foi uma apresentação privada e, antes disso, a participação com o projeto Flausino e Sideral Cantam Cazuza, em 2021), também está empolgada com a ideia de se apresentar em meio a artistas de estilos variados.
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“Com a fama que eu tenho, de cantora de bolha e de coxinha, eu acho que é uma ótima oportunidade (risos). Eu estou muito honrada, muito feliz e achei uma ideia genial esse show. Estou animadíssima. Espero que as pessoas gostem tanto quanto eu“, deseja.
Na apresentação, A Cor do Som intepreta suas músicas, e Bebel entra para mostrar quatro canções de seu repertório, como Preciso Dizer Que Te Amo (parceria com Cazuza e Dé Palmeira). Ao fim, ela retorna para participar de faixas do grupo, como Zanzibar e Semente do Amor.
Marina da Glória. Avenida Infante Dom Henrique, s/nº, Parque do Flamengo. Sex. (19), 18h. R$ 120,00 a R$ 620,00. Ingressos pelo Sympla.
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